Dores nas costas aumentam durante a pandemia - FRONT SAÚDE

Dores nas costas aumentam durante a pandemia

A rotina mudou depois da Covid-19. O isolamento social obrigou pessoas a ficarem muito mais tempo em casa e problemas como dores nas costas e na lombar se tornaram comuns com a jornada de trabalho em home office, com pessoas sentadas por horas frente do computador. Especialistas recomendam a prática constante de exercícios físicos e alongamentos como forma de prevenção de doenças.

Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com as pessoas mais tempo em casa, com home offices e com altas taxas de sedentarismo, o número de pessoas que passou a sentir dor nas costas durante esse período aumentou em 41% dos entrevistados. Dentre as pessoas que já sofriam de dores crônicas, mais de 50% afirmam que o desconforto aumentou durante a quarentena.

Segundo o fisioterapeuta e osteopata Bento de Almeida Crisóstomo, quem está em casa e trabalhando é necessário que também realize alguma atividade física. “A pessoa precisa colocar na sua agenda a atividade física como uma prioridade não se sobrar um tempo, não se sobrar dinheiro, não é uma questão financeira, você pode caminhar na rua, você pode caminhar dentro de casa, eu tenho pacientes, corredoras que no auge da pandemia corriam dentro do apartamento, então a gente priorizando consegue se exercitar”, declarou.

A falta da prática de exercício físico pode impactar, inclusive, na saúde emocional, segundo o profissional. “Todo o processo de acompanhamento de distúrbios emocionais dum paciente com ansiedade, depressão, síndrome do pânico, bipolaridade, esse paciente é imediatamente encaminhado para o tratamento com atividade física, é essencial que além dos tratamentos com ansiolíticos, com psicólogo, além da terapia, além do tratamento medicamentoso. A dica é fazer aquilo que dá prazer. Escolha uma atividade, seja musculação, CrossFit, a dança, um treino funcional, uma corrida, o futebol. Coloque o seu corpo em movimento que isso vai proporcionar muita saúde, bem-estar, prevenção, qualidade de vida”, ressaltou Bento.

A empresária Rayanne Bulhões começou a praticar pilates somente após sentir dores na lombar e nas costas. Ela afirma que com a pandemia teve que interromper suas práticas de exercício físico, chegando a ficar até seis horas seguidas sentada trabalhando. “Até que um dia eu travei quando ia levantar. Não conseguia andar ou esticar as pernas. Uma dor horrível que irradia. Antes do isolamento cheguei a procurar o pilates, mas só depois que fiquei uns três anos sentido dores. Eu já tenho escoliose e lombalgia diagnosticadas têm uns 5 anos. Não fiz fisioterapia na época”, contou.

Tendo a consciência de que precisa se movimentar, Rayanne afirma que hoje fica mais em alerta e procurar alternar entre ficar sentada ou em pé durante o trabalho que realiza em casa. “Preciso ficar alternando, um tempo em pé, outro me movimentando e depois fico sentada. Não passo mais de duas horas sem me movimentar. Hoje opto por alongamento pela manhã e durante as atividades do trabalho pela noite. Isso melhora bastante, mas sei que não é o tratamento. A última opção que é o medicamento pra dor mesmo. A última crise foi na páscoa, quando virei as noites fazendo doce. Por conta disso, não posso praticar corridas. Atividades de grande impacto”, relatou.

Movimentar-se é preciso!

O fisioterapeuta afirma que o sedentarismo foi potencializado por esse momento de pandemia em que foi necessário permanecer em casa, passamos muito tempo em atividades remotas. “Isso certamente impactou num aumento do sedentarismo, que é um problema de saúde pública. O sedentarismo é descrito, por evidências científicas, um dos principais fatores de risco de doenças cardiovasculares e agora, nesse momento de pandemia, verificou-se que o sedentarismo também era um importante fator de risco complicações da Covid-19. A atividade física, hoje, não é um lazer ou uma opção é uma necessidade básica para nos movimentarmos, estarmos numa atividade física direcionada, acompanhada com uma frequência e periodicidade semanal pra que configure uma atividade física. Não adianta, a sua atividade laboral de carregar uma ou outra coisa, configurar como uma atividade física não. Mesmo você sendo um operário, sendo uma profissional do lar, secretária do lar ou até trabalhar andando, subindo e descendo escada isso não configura atividade física, você continua sendo sedentário mesmo que o seu trabalho exija algum tipo de movimentação”, alertou.

Para quem fica por muito tempo sentado, é inevitável que a manutenção de posturas inadequadas por um longo período de tempo, no trabalho remoto ou até deitado com notebook, que sobrecarregando, sobrecarregue a coluna, estruturas ligamentares, estruturas articulares e tensionamento dos músculos, de acordo com o fisioterapeuta. “É muito comum que o indivíduo depois de um tempo numa determinada postura de trabalho começa a sentir uma queimação, uma ardência, até uma dor irradiada que geralmente melhora quando, ele levanta, vai andar, vai esticar, vai se mexer e vai melhorando. É muito comum isso acontecer com quem trabalha muito tempo no computador”, pontuou.

A recomendação é que entre 40 a 30 minutos a pessoa se levante, faça alguns alongamentos, caminhe um pouco, se hidrate e perceba qual a posição mais ergonômica para o trabalho, mesmo sendo em casa. “O ideal é ter uma boa cadeira, ter uma boa mesa, um computador adequado para altura da sua cervical, para que você possa trabalhar com uma estrutura melhor. Muito importante também que você pare num local tranquilo, faça alguns exercícios respiratórios porque isso vai impactar na sua de trabalho, isso vai desestressar e também auxiliar no controle de ansiedade, no controle do estresse, desse tempo que nós estamos vivendo uma ansiedade coletiva, um luto coletivo, então é fundamental”, concluiu Bento.