Sono: fundamental para a vida, mas não levado a sério - FRONT SAÚDE

Sono: fundamental para a vida, mas não levado a sério

Desde a época dos gregos até a atualidade, é de comum acordo o quanto o sono é importante para o ser humano, não somente para repor as energias, mas também para que a mente e o corpo possam descansar e ficar saudáveis para mais um dia de vida.

Com a chegada da internet no país em 1992, sua evolução, o boom de 2000 e a popularização das redes sociais em 2015, o comportamento da pessoa mudou. A velocidade da produção de conteúdo e o consumo superficial das informações, fizeram com que as mentes das pessoas ficassem mais agitadas e com dificuldade para desligar. E os eletrônicos como smartphones, computadores e tvs inteligentes fazem com que a pessoa possa se conectar a qualquer momento e obtenha a informação imediata, o que deixa o indivíduo viciado, buscando sempre mais conhecimento e consequentemente perdendo ou não sentindo sono.

O neurologista Antônio de Matos especialista em neurologia endovascular, explica que primeiro deve prestar atenção se a pessoa tem dificuldade de começar o sono ou de manter o sono. Diz que: “a dificuldade de começar o sono é uma causa secundária, consequência da ansiedade, um dia corrido, ou mesmo fatores orgânicos como doença na tireoide e o estresse. Enquanto a dificuldade de manter o sono, a de manutenção, pode sim estar associada mais comumente a alterações do sono, como por exemplo o distúrbio comportamental do sono, avanço de fase do sono”

Agora, pós pandemia, o sono reparador de qualidade, se tornou aquilo que todos anseiam, mas que poucos conseguem. Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Sono mostra que 70% dos brasileiros tiveram dificuldades para dormir durante a pandemia da COVID-19. As causas seriam o aumento de ansiedade, preocupações com as consequências da pandemia, dificuldades para começar a dormir ou a falta de vontade e a exposição às telas azuis de eletrônicos a procura de notícias, conteúdo de entretenimento, etc.

Antônio comenta que geralmente são as mulheres que mais sofrem com a falta de sono. “pelo fato de o estrógeno ter ação no sistema nervoso central e muito por causa da jornada dubla, tripla, até quadrupla da mulher que além de trabalhar, tem que cuidar dos filhos e cuidar da casa. Sendo mais propício a gerar questões psiquiátricas como ansiedade e depressão que geram intimamente uma relação negativa no impacto do sono”

Uma das alternativas para que o brasileiro consiga dormir de forma saudável é usando a higiene do sono. De acordo com o instituto do Sono: “é o termo usado para designar um conjunto de regras e práticas que buscam preparar e treinar o organismo para que o horário de dormir seja sempre um momento agradável, prazeroso e relaxado, e proporcione maior qualidade de sono.”

  • ter horários bem definidos para dormir e acordar, que devem ser seguidos mesmo em feriados e aos fins de semana;
  • tomar um banho, para que o corpo esteja refrescado do dia e consiga ficar relaxado para o sono
  • não consumir bebidas estimulantes (cafeína, chocolate, bebidas alcoólicas, chá preto, chá verde e refrigerantes) pelo menos seis horas antes de dormir;
  • não comer alimentos muito pesados no jantar, além de evitar estimulantes como açúcares ou comidas picantes;
  • praticar exercícios físicos com regularidade, respeitando uma janela de pelo menos quatro horas antes do horário de ir dormir;
  • ficar longe de telas, como celulares, televisão e tablets, na cama pelo menos uma hora antes de dormir;
  • evitar cochilos durante o dia. Se não for possível, impedir que eles se estendam por mais de 45 minutos ou que aconteçam ao final do dia.

Para o ambiente:

  • manter o quarto escuro, com luz indireta e diminuta;
  • controlar a temperatura do quarto, dando preferência por aquelas mais amenas;
  • usar pijamas confortáveis e adequados para o clima;
  • manter o ambiente silencioso e tranquilo;
  • não usar a cama ou o dormitório para outras atividades não relacionadas ao dormir, como trabalhar ou estudar.

A falta de sono ou uma noite mal dormida traz consequências severas para a pessoa. O neurologista diz: “a perda faz com que a pessoa não restaure, não reabilite e não melhore o funcionamento do cérebro durante a noite. É como se não desligasse o computador, ele sobreaquece se ficar por muito tempo ligado e fica lento. A dificuldade do sono, insônia, pode determinar questões de memória, de atenção, aumento do estresse, alterações de alguns hormônios, como os sexuais, podendo inclusive interferir na fertilidade.”

Se uma pessoa apresenta insônia, falta de sono, e mesmo tentando fazer a higiene do sono, não conseguir dormir. Antônio ressalta que: “a pessoa deve procurar um médico especialista em sono, como alguns neurologistas, otorrinolaringologistas e clínicos gerais. Onde a alteração vá ser investigada, com exames, como por exemplo a polissonografia. E o uso de medicamentos, somente em último caso e sempre por um tempo determinado, para que a pessoa não fique dependente dessa medicação, como indutor ou gerador do sono.”