Sinal amarelo: taxa de internação por acidentes de moto bate recorde - FRONT SAÚDE
Foto de Clayton de Souza

Sinal amarelo: taxa de internação por acidentes de moto bate recorde

Crescimento alarmante e vidas em risco. O trânsito brasileiro enfrenta um cenário preocupante, revelado pelo Boletim Epidemiológico ‘Cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito’, publicado em abril pelo Ministério da Saúde, mostrou que a taxa de internação de motociclistas teve a maior alta em uma década.

Considerando a rede pública SUS e a conveniada, dos dez anos, foi entre os anos de 2020 e 2021 que teve o maior aumento, passando de 5,5 para 6,1 a cada 10 mil habitantes. Pela análise feita, o crescimento das internações coincidiu com a retomada das vendas de motocicletas no Brasil.  

De acordo com o boletim, os homens são as principais vítimas fatais de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, representando 88% do total das mortes. Já o número absoluto de internações por esse motivo subiu de 70.508 em 2011 para 115.709 em 2021, um crescimento de 55% da taxa em dez anos.

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), informou que houve uma tendência de redução de vendas desses veículos a partir de 2011, mas que mudou em 2020 com o início da pandemia de Covid-19, onde a demanda por serviços de entregas disparou.

Para se ter uma ideia do aumento, segundo o Registro Nacional de Veículos Automotores, a quantidade de veículos de duas ou três rodas cadastrados era de 18,4 milhões em 2011 e atingiu 30,3 milhões em dezembro de 2021, uma ampliação de 64,7%.

A Abraciclo informou também que os homens são os principais compradores de motocicletas e que foram responsáveis por 62% dos contratos fechados em 2022. E é a maioria entre os condutores habilitados para veículos de duas ou três rodas, representando 76% das pessoas que possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A.

De acordo com duas pesquisas, a de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2021 e a Nacional de Saúde (PNS), em 2019, mostrou que 5,3% dos adultos das capitais brasileiras admitiram dirigir após consumir qualquer quantidade de bebida e mostrou que 16,8% dos homens acima de 18 anos declararam não usar capacete quando conduziam de motocicleta.

Para solucionar esse aumento, o Ministério da Saúde desenvolveu o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant). O documento aborda agravos relacionados aos motociclistas. A publicação estabelece a meta, alinhada a organismos internacionais, de reduzir em 50% a taxa de mortalidade deste público até 2030.