O uso da rede de dormir é um costume cultural na região Norte; herdado dos povos indígenas a rede, ou ini, como era chamada pelos nossos antecessores, está sendo utilizada como recurso terapêutico para bebês com doenças cardíacas. Conhecido como método hammock, a técnica permite uma posição similar ao alinhamento do bebê no útero, melhorando as funções respiratórias e reduzindo o gasto energético causado pelo estresse, e estimulando o desenvolvimento neuropsicomotor.
Adotada pela Fundação Hospital das Clínicas Gastar Viana, HC, referência em cardiologia adulta e pediátrica no Pará, que hoje conta com 10 leitos de terapia intensiva neonatal. A diretora presidente do HC, Ivete Vaz, reafirma o comprometimento da equipe com a humanização do atendimento e anuncia que já estão sendo desenvolvidas novas redes, assim como os parâmetros para adoção da técnica. Cerca de 70% dos bebês que precisam da UTI neonatal desenvolvem transtornos, como: déficit de atenção e hiperatividade; Q.I mais baixo que o normal; problema na linguagem, na comunicação; no comportamento, problema emocional ou algum outro déficit funcional.
Após o nascimento, o recém nascido normalmente fica no colo da mãe, e quando existe a necessidade de internação em uma UTI, tradicionalmente fica na incubadora, em posição estática, com os excessos de estímulos (sons e luzes) inapropriados nessa fase. Com a utilização da rede adaptada é possível simular o movimento de embalo que as mães costumam fazer e que auxilia na estimulação vestibular, um órgão no interior do ouvido do bebê. “Quando o bebê está internado na UTI, essa sequência é quebrada. Então, quando a gente coloca o bebê na rede, o movimento é simulado em ambos os planos e o sistema vestibular acaba sendo estimulado, coisa que se ele ficar só no berço, não vai ter esse estímulo”, explicou o fisioterapeuta Paulo Andrade. Esse tipo de estimulação é tema de estudos científicos e fundamental nos primeiros meses de vida.
Foto: Agencia Pará
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