Carnaval: como diminuir os danos causados pelo álcool - FRONT SAÚDE

Carnaval: como diminuir os danos causados pelo álcool

Para alguns a semana de carnaval representa um descanso nos estudos ou no trabalho, já para outros, festa e diversão nas ruas da cidade, se reunir com os amigos, dançar e beber. E é sobre o consumo de álcool que vamos falar.

Rafael Garcia, coordenador da equipe de transplante de fígado da Santa Casa, explica que o álcool é uma molécula tóxica para o organismo humano, afetando todos os tipos de órgãos. Fala que os efeitos mais importantes são inflamação do fígado, do pâncreas e do coração, além dos efeitos sobre o cérebro, com retardo dos reflexos, aumento do tempo de resposta, alterações da marcha e da fala.

Uma pesquisa recente de 2021 pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), mostrou que 55% da população brasileira consome bebidas alcoólicas, e que 17,2% delas falaram que aumentaram o consumo durante a pandemia de Covid-19, por motivos como quadros de ansiedade graves por conta do isolamento social.

Voltando para o carnaval, o consumo de álcool acontece, mas algumas atitudes podem ser feitas para que no outro dia não esteja com uma ressaca muito forte e com problemas futuros. “No carnaval os cuidados devem ser redobrados, porque o calor e a atividade física de brincar o carnaval aumentam a desidratação, e doses menores de álcool podem ter efeitos mais intensos”, Rafael comenta. “Se a pessoa optar por beber, o ideal é nunca beber de estômago vazio, intercalar a bebida alcoólica com água para manter a hidratação, e beber com moderação”.

Mas como saber se a pessoa está bebendo muito ou não? O médico cita que a avaliação de consumo de álcool é feita por dose-padrão de 14g de álcool puro. “De um modo simples isso equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho (150 ml) ou uma dose de destilado (45 ml)”. Ele comenta que, não tendo um padrão, considera-se consumo moderado até duas doses-padrão por dia para homens e uma dose-padrão por dia para mulheres. “Mas mesmo com essas quantidades podemos ver prejuízos em longo prazo, inclusive com evolução para cirrose”, o cirurgião alerta.

O médico fala que são duas as situações com o que pode acontecer com a pessoa que consome bebida alcóolica sem moderação. “Em curto prazo um consumo exagerado pode causar coma alcoólico, hepatite alcoólica aguda, pancreatite alcoólica aguda, todos com alta mortalidade. Sem falar nos efeitos da embriaguez, com riscos à própria segurança e de terceiros”, ele continua dizendo que “em longo prazo, os efeitos incluem demência, cirrose, pancreatite crônica, insuficiência cardíaca, também com mortalidade elevada e grande impacto na qualidade de vida”.

A Organização Pan-Americana da Saúde cita que em todo o mundo, 3 milhões de mortes por ano resultam do uso nocivo do álcool, representando 5,3% de todas as mortes, sendo também o responsável por mais de 200 tipos doenças e lesões.

Rafael finaliza dizendo que para ressaca não tem cura, o melhor é evitar, ou com essas medidas citadas acima. Pode-se usar medicamentos para aliviar os sintomas da ressaca, como dor de cabeça por exemplo, mas infelizmente não existe nada com a capacidade de curar a ressaca.