O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trouxe um alerta sério no Dia Mundial da Pólio que aconteceu dia 24.
A poliomielite, doença infecciosa grave e altamente contagiosa, ameaça retornar em países frágeis devido à dificuldade de garantir a vacinação de rotina para milhões de crianças.
Segundo o relatório recente da UNICEF, os casos de pólio aumentaram em países afetados por guerras e crises humanitárias, onde as condições para campanhas de vacinação são extremamente limitadas.
Em 2023, aproximadamente 85% das crianças que contraíram poliomielite viviam em regiões de conflito ou instabilidade política, tornando-as altamente vulneráveis à propagação de doenças evitáveis.
Catherine Russell, Diretora Executiva da UNICEF, expressou preocupação com o fato de as crianças em áreas de crise enfrentarem não apenas a violência do conflito, mas também a ameaça de doenças mortais.
QUEDA NA COBERTURA VACINAL GERA INCERTEZA NA LUTA CONTRA A PÓLIO
O relatório da UNICEF destaca uma queda preocupante na cobertura de imunização infantil, que caiu de 75% para 70% globalmente.
Esse número é inferior ao índice de 95% necessário para garantir a imunidade coletiva, colocando milhares de crianças em risco.
A situação é agravada por fatores como a destruição de sistemas de saúde, falta de infraestrutura e o deslocamento de famílias inteiras.
Em locais onde a água e o saneamento são limitados ou inexistentes, o poliovírus encontra terreno fértil para se espalhar, ampliando o risco de contágio.
CAMPANHAS DE VACINAÇÃO EMERGENCIAL SÃO REALIZADAS EM ZONAS DE CONFLITO
Em Gaza, onde o vírus da poliomielite retornou após 25 anos, a UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) mobilizaram uma campanha emergencial de vacinação em setembro, que alcançou quase 600 mil crianças menores de 10 anos.
Contudo, os desafios são grandes: bombardeios contínuos e novos deslocamentos de população atrasaram a conclusão da campanha no norte da região.
Essas campanhas de emergência se mostram essenciais para conter surtos, mas a insegurança no terreno dificulta a atuação de equipes de saúde e o acesso a muitas crianças.
PAUSAS HUMANITÁRIAS SÃO ESSENCIAIS PARA A CONTINUIDADE DAS CAMPANHAS
Para conter novos surtos de poliomielite, a UNICEF destaca a importância de pausas humanitárias que permitam o acesso seguro de profissionais de saúde às comunidades afetadas.
Nessas zonas frágeis, uma pausa no conflito é crucial para proteger a população infantil, levando vacinas e cuidados essenciais aos mais vulneráveis.
Segundo a UNICEF, a instituição distribui anualmente mais de um bilhão de doses de vacinas contra a pólio e trabalha para alcançar até mesmo as áreas mais remotas.
AÇÕES URGENTES E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO NECESSÁRIAS
A UNICEF, em parceria com a OMS, tem apelado aos governos e à comunidade internacional para intensificar os esforços contra o avanço da poliomielite, especialmente nas regiões de conflito.
Catherine Russell enfatizou que a disseminação do poliovírus representa uma ameaça crescente não apenas para as crianças nos países afetados, mas também para as nações vizinhas.
“O empurrão final é o mais difícil, mas agora é a hora de agir”, afirmou Russell, reforçando a necessidade de garantir que cada criança no mundo esteja protegida da pólio.
POLIOMIELITE: UMA AMEAÇA PERMANENTE SEM VACINAÇÃO
A poliomielite é uma doença viral contagiosa que pode causar paralisia e até mesmo morte.
A transmissão ocorre principalmente pelo contato com fezes e secreções de pessoas infectadas.
Nos casos graves, o vírus afeta os nervos da medula e do cérebro, causando paralisia nos membros, em especial nos inferiores, e pode levar à perda de mobilidade.
Em países com baixa cobertura vacinal, a doença ainda é um risco iminente, e o único método de prevenção é a vacinação de rotina.
No Brasil, o poliovírus selvagem não circula desde 1990 devido aos esforços de vacinação, embora o país enfrente quedas na cobertura vacinal desde 2016.
Atualmente, a campanha de vacinação nacional contra a pólio segue o esquema de três doses iniciais da vacina injetável (VIP) e duas doses de reforço da vacina oral (VOP), conforme as orientações da OMS para a erradicação da doença.
Fontes: ONU e Ministério da Saúde
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