'Sangue Dourado': uma história de raridade e esperança médica - FRONT SAÚDE

‘Sangue Dourado’: uma história de raridade e esperança médica

James Harrison, um australiano, ficou conhecido como o “homem do braço de ouro” devido à sua notável dedicação à doação de sangue por mais de 60 anos. O que torna a história de Harrison ainda mais notável é a singularidade de seu tipo sanguíneo e a importância médica de sua contribuição. Seu sangue é conhecido como “sangue dourado”, devido à extrema raridade desse tipo.

Os médicos descobriram que seu sangue continha grandes quantidades de um anticorpo valioso chamado Anti-D, usado para tratar uma condição médica grave que mulheres grávidas podem sofrer, a Doença Hemolítica Perinatal.

Para entender melhor a importância do “sangue dourado”, conversamos com o hematologista João Saraiva. Ele explica que o sangue dourado é, na verdade, o apelido de Rh-null, o tipo de sangue mais raro do mundo. É tão raro que foi relatado que apenas cerca de 43 pessoas possuem em todo o mundo. Esse tipo sanguíneo permite a fabricação de uma vacina salva-vidas, chamada Anti-D.

João fala que primeiro precisamos compreender como classificamos os tipos sanguíneos, determinados pelos antígenos presentes na superfície dos glóbulos vermelhos. No caso do Rh-null, há completa ou quase completa ausência dos antígenos do sistema Rh (fator Rh) na superfície dos glóbulos vermelhos. Isso faz com que seja um tipo sanguíneo extremamente raro, e encontrar doadores compatíveis para transfusões pode ser desafiador.

Mas por que esse sangue é importante para a Doença Hemolítica Perinatal? A doença ocorre quando uma mãe com sangue Rh negativo gera um bebê com sangue Rh positivo, herdado do pai. Em resposta, o sistema imunológico da mãe produz anticorpos anti-Rh, que podem atacar o feto em gestações subsequentes, causando danos cerebrais, anemia, insuficiência cardíaca e até a morte do bebê, o Anti-D evita que as mulheres desenvolvam esses anticorpos durante a gravidez, conta o hematoloigsta.

Sobre os tipos de sangue, João desmente sobre a dieta do tipo sanguíneo. Até hoje vemos de forma espalhada pela mídia diversas fórmulas “mágicas” para a perda de peso e instrução nutricional. No entanto, um estudo da Universidade de Toronto analisou os dados de 1.455 participantes e não encontrou nenhuma evidência que apoiasse a teoria. Embora as pessoas possam perder peso e se tornarem mais saudáveis com a dieta, isso provavelmente tem mais a ver com a ingestão de todas aquelas folhas verdes do que com o tipo sanguíneo.

Algo interessante que João lembra é que há evidências que sugerem que diferentes tipos sanguíneos podem aumentar o risco de certas doenças. Uma análise sugeriu que o sangue tipo O diminui o risco de acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco, enquanto o sangue AB parece aumentá-lo. Dito isso, os portadores do tipo O têm maior chance de desenvolver úlceras pépticas e câncer de pele.

Mas ele ressalta que nada significa que o tipo sanguíneo seja capaz de prever seu futuro médico. Muitos fatores, como dieta e exercícios, influenciam a saúde e provavelmente em maior medida do que o tipo sanguíneo.

Os animais também tem tipos sanguíneos diferentes, mas não iguais ao nosso. Na verdade, os tipos sanguíneos são distintos entre as espécies. Os gatos, por exemplo, possuem antígenos A e B, mas estes não são os mesmos antígenos A e B encontrados em humanos, comenta João, que finaliza dizendo que curiosamente, a xenotransfusão (transfusão de sangue entre espécies diferentes), vem ocorrendo em ambiente de pesquisa. Cientistas estão trabalhando para modificar geneticamente o sangue de porcos para produzir potencialmente sangue humano compatível.

‘Sangue Dourado’: uma história de raridade e esperança médica

James Harrison, um australiano, ficou conhecido como o “homem do braço de ouro” devido à sua notável dedicação à doação de sangue por mais de 60 anos. O que torna a história de Harrison ainda mais notável é a singularidade de seu tipo sanguíneo e a importância médica de sua contribuição. Seu sangue é conhecido como “sangue dourado”, devido à extrema raridade desse tipo.

Os médicos descobriram que seu sangue continha grandes quantidades de um anticorpo valioso chamado Anti-D, usado para tratar uma condição médica grave que mulheres grávidas podem sofrer, a Doença Hemolítica Perinatal.

Para entender melhor a importância do “sangue dourado”, conversamos com o hematologista João Saraiva. Ele explica que o sangue dourado é na verdade o apelido de Rh-null, o tipo de sangue mais raro do mundo. É tão raro que foi relatado que apenas cerca de 43 pessoas possuem em todo o mundo. Esse tipo sanguíneo permite a fabricação de uma vacina salva-vidas, chamada Anti-D

João fala que primeiro precisamos compreender como classificamos os tipos sanguíneos, que são determinados pelos antígenos presentes na superfície dos glóbulos vermelhos. No caso do Rh-null, há completa ou quase completa ausência dos antígenos do sistema Rh (fator Rh) na superfície dos glóbulos vermelhos. Isso faz com que seja um tipo sanguíneo extremamente raro, e encontrar doadores compatíveis para transfusões pode ser desafiador.

Mas por que esse sangue é importante para a Doença Hemolítica Perinatal? A doença ocorre quando uma mãe com sangue Rh negativo gera um bebê com sangue Rh positivo, herdado do pai. Em resposta, o sistema imunológico da mãe produz anticorpos anti-Rh, que podem atacar o feto em gestações subsequentes, causando danos cerebrais, anemia, insuficiência cardíaca e até a morte do bebê, o Anti-D evita que as mulheres desenvolvam esses anticorpos durante a gravidez, conta o hematoloigsta.

Sobre os tipos de sangue, João desmente sobre a dieta do tipo sanguíneo. Até hoje vemos de forma espalhada pela mídia diversas fórmulas “mágicas” para a perda de peso e instrução nutricional. No entanto, um estudo da Universidade de Toronto analisou os dados de 1.455 participantes e não encontrou nenhuma evidência que apoiasse a teoria. Embora as pessoas possam perder peso e se tornarem mais saudáveis com a dieta, isso provavelmente tem mais a ver com a ingestão de todas aquelas folhas verdes do que com o tipo sanguíneo.

Algo interessante que João lembra é que há evidências que sugerem que diferentes tipos sanguíneos podem aumentar o risco de certas doenças. Uma análise sugeriu que o sangue tipo O diminui o risco de acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco, enquanto o sangue AB parece aumentá-lo. Dito isso, os portadores do tipo O têm maior chance de desenvolver úlceras pépticas e câncer de pele.

Mas ele ressalta que os principais estudos não foram capazes de comprovar que o tipo sanguíneo seja capaz de prever seu futuro médico. Muitos fatores, como dieta e exercícios, influenciam a saúde e provavelmente em maior medida do que o tipo sanguíneo.

Os animais também tem tipos sanguíneos diferentes, mas não iguais ao nosso. Na verdade, os tipos sanguíneos são distintos entre as espécies. Os gatos, por exemplo, possuem antígenos A e B, mas estes não são os mesmos antígenos A e B encontrados em humanos, comenta João, que finaliza dizendo que curiosamente, a xenotransfusão (transfusão de sangue entre espécies diferentes), vem ocorrendo em ambiente de pesquisa. Cientistas estão trabalhando para modificar geneticamente o sangue de porcos para produzir potencialmente sangue humano compatível.