Nos últimos quatro anos, foram registrados mais de 8 mil casos de câncer no pênis no Brasil, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). A cirurgia de fimose é forma de prevenir a doença, pois facilita a limpeza do órgão genital masculino, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
O primeiro estudo epidemiológico feito pela SBU há alguns anos identificou que São Paulo ocupava o primeiro lugar na prevalência de câncer de pênis, “grande parte dos casos oriunda do Norte e do Nordeste, que busca tratamento em São Paulo”, ressaltou o urologista José de Ribamar Rodrigues Calixto.
Segundo dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia no Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde, houve queda no número de registros entre 2020 e 2021, atribuída à pandemia de covid-19, que reduziu a procura por tratamento médico. Os casos de câncer de pênis totalizaram 2,14 mil em 2018; 2,19 mil em 2019; 2,09 mil em 2020; e 1,79 mil no ano passado.
O maior número de casos nesses quatro anos foi registrado no Sudeste (3,16 mil), seguido pelo Nordeste (2,57 mil), Sul (1,18 mil), Centro-Oeste (658) e Norte (645). Nesse mesmo período, a prevalência foi maior no Nordeste (9,93); seguindo-se o Centro-Oeste (9,42); Sul (8,82); Sudeste (8,09); e Norte (8,05). Os estados com maior registro de tumor de pênis são São Paulo (1,48 mil), Minas Gerais (1,05 mil), Bahia (609) e Paraná (565).
Como a condição sociocultural e econômica é muito baixa no Norte e Nordeste, a maioria dos homens ignora que existe a doença. “Acham que é venérea, que é uma doença do tempo, que remédios naturais vão resolver”. Quando procuram o urologista, já estão em fase bastante avançada, com diagnóstico de grandes lesões. “Não queremos isso. A gente quer, pelo menos, diagnosticar na fase precoce; não amputar ou, se amputar, tirar apenas um pedacinho do pênis, ressecar aquela lesão, só tirar o prepúcio, onde nasceu a lesão, e preservar a haste peniana”.
A maior incidência de câncer de pênis, acima de 60%, é detectada, em geral, entre homens na faixa etária de 50 a 60 anos, mas os urologistas já tiveram casos na faixa de 28 a 30 anos. Na UFMA, médicos operaram, inclusive, um jovem de 19 anos. “É muito raro isso”. Entre 15% e 18% dos homens acometidos pela doença têm entre 30 e 40 anos.
Calixto informou que a fimose, ou excesso de pele que impede que a cabeça do pênis, ou glande, seja esterilizada, associada à contaminação com algum tipo de HPV e à falta de higiene são alguns fatores que podem levar à doença. Embora ainda não haja comprovação da histogênese induzida pelo HPV no câncer de pênis, já está comprovado o envolvimento do vírus na gênese da doença, disse o especialista.
Segundo a SBU, os homens devem estar em alerta para qualquer mudança na genitália, que deve ser avaliada pelo urologista. Entre elas destacam-se ferida que não cicatriza, nódulos, secreções saindo do prepúcio, área vermelha endurecida, sangramentos vindo da glande que não é exposta, pruridos (coceiras). Essas mudanças podem ser pré-malignas. Consultando um especialista, o homem pode evitar a evolução para o câncer, orientou o supervisor da instituição.
De acordo com o Datasus/Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, de 2013 a 2020, a média nacional de cobertura para a segunda dose da vacina contra o HPV na população entre 11 e 14 anos é de 65,8% para a feminina e 35,6% para a masculina. Os estados com menor cobertura vacinal, com duas doses para meninos, são Acre (15,2%), Amapá (20,6%), Pará (22,6%) e Rio de Janeiro (23,1%). A vacina no SUS está disponível para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos.
O HPV tem prevalência mundial estimada em 11,7%, e a faixa etária de maior incidência é abaixo de 25 anos.
Fonte: Agência Brasil
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