Poluição do ar aumenta número de atendimentos por pneumonia - FRONT SAÚDE

Poluição do ar aumenta número de atendimentos por pneumonia

A poluição do ar é o principal fator de risco de morte, em todas as faixas etárias

O Dia Mundial da Pneumonia, 12 de novembro, foi proposto pela OMS, em 2009, para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção da doença, que continua sendo a principal causa de morte de crianças com até 5 anos.

O pneumologista Rubens Tofolo lembra que mais de duas mil crianças morrem diariamente por pneumonia no mundo e que a poluição do ar é o principal fator de risco, em todas as faixas etárias.

“As crianças são as mais suscetíveis à poluição do ar doméstico, em casas que usam, regularmente, combustíveis e tecnologias poluentes para cozinhar, aquecer e iluminar. Enquanto a poluição do ar exterior, especialmente de poluentes emitidos por indústrias e fumaça de escapamento de automóveis, afeta desproporcionalmente a saúde respiratória entre os adultos mais velhos. O aumento dos esforços poderia evitar quase nove milhões de mortes de crianças por pneumonia, até 2030”.

A pneumonia é uma doença inflamatória aguda que acomete os pulmões e pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos. Os principais sintomas são tosse com produção de expectoração; dor torácica, que piora com os movimentos respiratórios; mal-estar geral; falta de ar e febre.

A pneumonia pode ser adquirida pelo ar, saliva, secreções, transfusão de sangue ou, na época do inverno, devido a mudanças bruscas de temperatura. Essas mudanças comprometem o funcionamento dos pelos do nariz responsáveis pela filtragem do ar aspirado, o que acarreta uma maior exposição aos micro-organismos causadores da doença.

“No Brasil, embora a taxa de mortalidade da pneumonia esteja em queda, a quantidade de internações e o alto custo do tratamento ainda são desafios para a saúde pública e a sociedade como um todo”, explica o Dr. Tofolo.

Na maior parte das vezes, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui apenas medicamentos para aliviar os sintomas, como febre e dor, podendo ser necessários medicamentos antivirais nas formas graves da doença. Nas pneumonias causadas por fungos, utilizam-se medicamentos específicos.

“É muito importante saber que, se não tratada, a pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave, causando até a morte”. Entre os fatores de risco estão o fumo, o álcool, o ar-condicionado, que torna o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias, resfriados mal cuidados e mudanças bruscas de temperatura.

“Ultimamente, vivenciamos as principais alterações e doenças respiratórias causadas pelas queimadas, como infecções do sistema respiratório, asma, conjuntivite, bronquite, irritação dos olhos e garganta, tosse, falta de ar, nariz entupido, vermelhidão e alergia na pele, além de desordens cardiovasculares”.

Todos esses sintomas citados pelo médico acontecem, porque as partículas presentes na fumaça são formadas de compostos químicos que afetam o sistema respiratório quando inalado, prejudicando a troca gasosa.

Ele cita que as principais formas de prevenir a doença são recomendações simples: lavar as mãos, não fumar, não usar bebidas alcoólicas, evitar aglomerações e se vacinar. Além da vacina da gripe há, ainda, a vacina anti-pneumocócica para prevenir as pneumonias causadas pela bactéria ‘pneumococo’.

“Em caso de contágio, a imunização diminui a intensidade dos sintomas, além de evitar as formas graves da doença e a mortalidade para esse tipo específico de pneumonia. O diagnóstico e tratamento precoces, no entanto, impedem eventuais agravamentos de seu quadro clínico”, explica o Dr. Tofolo.

Vale falar que um relatório realizado em parceria entre o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Human Rights Watch avalia o impacto que as queimadas associadas ao desmatamento na Amazônia brasileira tiveram sobre a saúde

As conclusões deste relatório indicam que as queimadas associadas ao desmatamento na Amazônia têm apresentado um impacto negativo significativo na saúde pública na região Amazônica. Isso incluiu 2.195 internações devido a doenças respiratórias atribuíveis às queimadas, segundo a análise estatística realizada pelo IEPS em parceria com IPAM e Human Rights Watch.

Destas internações, 21% foram de bebês de 0 a 12 meses e 49% por cento foram de pessoas idosas, com 60 anos ou mais. O estudo descobriu que os pacientes passaram um total de 6.698 dias no hospital, em razão da exposição à poluição do ar decorrente das queimadas.

O impacto total das queimadas na saúde se estendeu muito além desses casos. Muitas pessoas na Amazônia têm acesso limitado a serviços de saúde, de modo que o impacto pode não estar representado pelos dados relativos a internações.

Os dados disponíveis também excluem serviços privados de saúde, embora um quarto dos brasileiros possua planos de saúde privados e tendam a buscar atendimento nesses estabelecimentos. Também não incluem o número muito maior de pessoas cujos problemas respiratórios, embora sérios, não exigiram internação.