Os desafios enfrentados pelos pediatras quando o tema é vacinação  - FRONT SAÚDE

Os desafios enfrentados pelos pediatras quando o tema é vacinação 

Não apenas de vacina contra Covid-19 gira o mundo, e as incertezas que alguns pais demonstram em relação à vacinação não é exclusividade dessa. 
 
As vacinas ocupam lugar de destaque na pediatria quando o assunto é a prevenção de doenças. Para que cada vez mais crianças sejam devidamente imunizadas, é importante orientar as famílias com dados científicos e da maneira mais segura possível. 
 
O calendário de vacinação é composto por vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e orientadas pelo Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ainda assim, alguns pais demonstram anseios quanto à segurança e eficácia dessas vacinas. 
 
Hoje em dia, as famílias têm acesso a inúmeras informações na internet, sejam elas verdadeiras ou não, o que os leva a questionar se devem ou não vacinar seus filhos. Diante disso, doenças infecciosas que poderiam ter sido eliminadas do planeta, como sarampo e poliomielite, ainda são um problema de saúde pública que alguns países como o Brasil, enfrentam.
 
Um dos primeiros motivos para isso foi a divulgação, no ano de 1998, de um estudo que sugeria a associação entre um aumento do  número de crianças autistas com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Pais assustados passaram a não mais vacinar os filhos e, a consequência disso, foi o surgimento de novos casos de sarampo. Anos depois, o médico foi desmascarado e foi descoberto que o trabalho publicado usou dados falsos, mas o estrago já havia sido feito.
 
Existe também um movimento sem embasamento científico algum, que sugere uma sobrecarga imunológica mediante a administração combinada de vacinas, agravada pelo excesso de alumínio e timerosal presentes nos imunizantes.  
 
O mais triste é que, se for feito um levantamento sobre quem não se vacina, na maioria das vezes, são indivíduos de classe econômica mais alta. A população de classe mais baixa participa de forma mais efetiva das campanhas de vacinação. 
 
O momento da consulta é o ideal para encorajar, tirar dúvidas e orientar quanto aos inúmeros benefícios da vacinação, afinal, vacinas salvam vidas.

Cristiana Trindade
Graduada em Medicina pela UFPA, Residência médica em pediatria e neonatologia pela FSCMPA. Já atuou na UTI Pediátrica da Santa Casa como intensivista e preceptora da residência médica de pediatria, atuou na UTI Neonatal da Maternidade Saúde da Criança e Clínica Pediátrica e também na Urgência e emergência da Clínica do Bebê. Atualmente pediatra e neonatologista em consultório particular.