Desde 2014, a campanha Janeiro Branco tem tentado conscientizar e ajudar as pessoas que passem por dificuldades devido a saúde mental. Sendo janeiro escolhido por ser um símbolo de renovação para a população e por estar mais focada em suas metas.
Já a saúde mental é por muitos profissionais tão importante quanto a saúde física. Ambas se complementam, podendo se auxiliarem ou se prejudicarem. E o modo como pode prejudicar é bem variado, sendo um deles o Transtorno do Pânico.
O Ministério da Saúde explica que o transtorno do pânico é caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo ou mal-estar, acompanhadas de sintomas físicos. As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos. Os ataques de pânico acarretam intenso sofrimento psíquico com modificações importantes de comportamento devido ao medo da ocorrência de novos ataques.
A psiquiatra Sofia Cunha especialista em Psiquiatria Adulta fala que por fazer parte dos transtornos ansiosos, como se fosse um tipo do transtorno de ansiedade, os ataques são imotivados, não existem causas aparentes, podendo ocorrer também em outros transtornos de ansiedade. O que diferenciam o tipo de transtorno é a causa do evento que desencadeou.
“Hoje o transtorno do pânico é um transtorno comum que pode ser resultado de uma vida mais ansiosa, mais agitada e mais estressante que levamos”, relata a psicóloga e neuropsicóloga Roberta Rios que conta que uma das dificuldades é que os ataques recorrentes tem que ter uma frequência e constância para se fechar o diagnóstico. “A pessoa começa a ficar com medo de sentir novamente essa situação, o ataque. Acaba gerando mais ansiedade, mais medo, acarretando numa intervenção psiquiátrica e psicoterapêutica urgente”.
Os sintomas mais frequentes são:
- aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração;
- falta de ar;
- pressão ou dor no peito;
- palidez;
- suor frio;
- tontura;
- náusea;
- pernas bambas;
- formigamento;
- tremores;
- calafrios ou ondas de calor;
- sensação de estar “fora do corpo”;
- medo de morrer ou de “perder o controle”;
- desmaio ou vômito no pico da crise.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Transtorno do Pânico atinge de 02% a 04% da população mundial, entre 160 a 320 milhões de pessoas. Roberta fala que não existe uma idade específica para que isso aconteça, geralmente sendo no início da vida adulta, dos 20 aos 24 anos.
Sofia relata que o transtorno do pânico pode atuar como fator de risco para outros transtornos ansiosos e depressão, porque doenças mentais são multifatoriais, tendo vários componentes envolvidos que podem desencadeá-los, “existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença: como a vulnerabilidades individual, o histórico familiar/ genética (pais com transtornos ansiosos, depressivos e transtorno bipolar), o ambiente (estressores, tabagismo, drogas) ou meio em que vive, temperamentais (pessoas que tendem a experimentar emoções mais negativas, sensibilidade a ansiedade)”.
A pessoa que apresentar esses sintomas, deve buscar apoio e a ajuda de um profissional. “uma vez que a pessoa sofre um ataque, muito provavelmente ela começa a sentir medo de ter novamente essas sensações, o que desencadeia um medo e ansiedade constantes que merecem e precisam de intervenção psíquica com psiquiatra e psicólogo de forma rápida para que diminua as consequências desses ataques” alerta Roberta.
A psiquiatra numera os tipos de tratamentos para o paciente. Sendo a psicoeducação e psicofarmacologia (os remédios), mas sempre em conjunto com um psicólogo. “É um transtorno crônico, na grande maioria das vezes, mas existe controle e gestão das crises. Pois pode causar incapacidade funcional (ocupacional, social, laboral), não sair mais de casa devido à gravidade das crises e comportamentos de evitação”.
Uma coisa bem comum é a pessoa confundir o Transtorno do Pânico (TP) com o Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT). A Psicóloga fala que eles podem ser parecidos, “no entanto TEPT você sabe exatamente qual foi o evento ali que traumatizou, o desencadeador daquela situação, como a morte de alguém próximo, um assalto, um abuso ou violência. E é esse evento que disparou aquela situação, já o ataque do pânico começa sem um motivo específico”.
Caso a pessoa esteja preocupada com os custos das consultas, a psiquiatra Sofia lembra que o Sistema Único de Saúde, o SUS também fornece tratamento nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), centros de ensinos (como faculdades públicas e particulares que apresentam serviços de saúde mental), no Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) e atendimento de menor complexidade pode ser gerenciados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
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