Ficar de olho e levar a sério o cuidado com a visão - FRONT SAÚDE

Ficar de olho e levar a sério o cuidado com a visão

A visão se tornou o sentido entre os cinco que nós temos mais consciência e que mais dependemos no dia a dia. Por esse motivo, que o ser humano precisa ter um cuidado a mais com o olho. O Dia Mundial da Visão nos faz lembrar desse cuidado, um momento que deve ser pensado todos os outros 364 dias.

Comemorado sempre na segunda quinta-feira de outubro, o dia foi escolhida pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), com o objetivo de aumentar a conscientização da população sobre a deficiência visual e a cegueira como problemas de saúde pública global, além de querer incentivar governos a firmar investimentos para programas de prevenção a cegueira e também educar a população sobre como se prevenir.

O primeiro cuidado acontece já no nascimento. O famoso Teste do Olhinho, conhecido como teste do reflexo vermelho. O Oftalmologista Gabriel Botelho especialista em Retina e Vítreo do Hospital Adventista de Belém (HAB) explica como é importante levar os bebês ainda nos primeiros meses de vida ao oftalmologista: “o teste consiste em uma fonte de luz que sai do oftalmoscópio e atinge a retina, sendo que os olhos saudáveis refletem tons de laranja, vermelho ou amarelo. Quando o reflexo for esbranquiçado (leucocoria) é considerado alterado. E pode ajudar a detectar diversas condições como coloboma, coriorretiniano, retinopatia da prematuridade, retinocoroidite e o retinoblastoma”.

Esse último, um tipo raro de tumor de origem genética, ou câncer no olho, mais comum entre as crianças de até 5 anos de idade, ficou conhecido pela população brasileira após o apresentador e jornalista Tiago Leifert anunciar que sua filha, Lua foi diagnosticada com apenas 11 meses de vida.

Um outro grupo que deve ter um cuidado extra com a visão são as pessoas portadoras de diabetes. De acordo com o Ministério da Saúde, 7,4% dos brasileiros entre 20 e 60 anos de idade são portadores de diabetes. Segundo Gabriel, estima-se que 1,7 a 11% dos diabéticos desenvolvem retinopatia diabética, doença que afeta os pequenos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro e/ou edema macular diabético, acúmulo de líquido na mácula, área da retina responsável pela visão central nítida, usada para ler, reconhecer rostos, cores e dirigir.

Entre os sintomas se destacam manchas centrais na visão, baixa acuidade visual e alteração na visão de contraste. O tratamento, de acordo com Gabriel, onde cada caso é individualizado e quando for necessário, consiste em farmacoterapia ocular, um procedimento cirúrgico de aplicação do medicamento diretamente no olho, fotocoagulação retiniana, procedimento realizado a laser e por último cirurgia.

Outra preocupação para com a população é a catarata e o glaucoma. De acordo com o último levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), três em cada quatro casos de deficiência visual são causados por catarata ou por falta de acesso aos óculos no Brasil. Com relação glaucoma, estima-se que há pelo menos 1,5 milhão de pessoas com glaucoma confirmadas com exame, mas estima-se que mais pessoas tenham a doença e não sabem por não irem ao médico.

“A catarata consiste na opacificação do cristalino (“lente”natural dos olhos), que provoca baixa acuidade visual progressiva, o tratamento consiste em cirurgia, que permite recuperar a visão do paciente”, explica Gabriel, “Já o glaucoma, por sua vez, pode apresentar diferentes quadros clínicos, incialmente é uma doença silenciosa, não dá sintomas e só fica perceptível em fases avançadas, causando uma perda visual irreversível. Logo é importante identificar a doença precocemente, para que possa ser controlada principalmente com o uso de colírios que reduzam a pressão ocular e evitam danos ao nervo óptico”

Além da visita periódica ao oftalmologista, um outro cuidado importante é na escolha dos óculos, seja de grau ou de sol. “A radiação UV podem causar danos aos olhos, por isso é considerado um risco à saúde” afirma Gabriel, que aconselha a sempre optar por lentes com proteção contra a radiação ultravioleta (UV) para um cuidado visual adequado.

Com a tecnologia atual e o consumo excessivo, seja de celulares, tablets, computadores e televisão, outra luz que pode prejudicar a nossa visão é a luz azul dos eletrônicos, que podem causar a “Síndrome da Visão do computador” mostrando sintomas como desconforto visual, sensação de olho seco, fadiga ocular e ardência nos olhos, além de poder afetar o ciclo diário de funcionamento do corpo humano.

“Deve-se lembrar de usá-los de forma racional. E é válido ressaltar que crianças apresentam maiores restrições de horas conforme recomendações da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica” lembra Gabriel:

  • < 2 anos não utilizar;
  • 2 a 5 anos no máximo 1 hora/dia;
  • 6 a 10 anos no máximo 1-2 horas/dia;
  • 11 a 18 anos 2-3 horas/dia.

“Nunca deixar virar a noite jogando vídeo game, não permitir que crianças e adolescentes fiquem isolados, nada de telas durante as refeições e sempre desconectar 1-2 horas antes de dormir”. Mas qualquer pessoa pode também realizar ações simples que ajudam a cuidar do olho, como:

  • Não exponha a vista diretamente ao sol – na praia ou na piscina, vá de óculos escuros
  • Usar boné ou chapéu de qualidade e o boné deve ter a pala de tecido
  • Só use colírios sob prescrição e orientação médica
  • Não coce os olhos e não use as mãos se não estiverem higienizadas.
  • Pare de fumar, pode afetar até a circulação na retina
  • Pratique atividade física, especialmente ao ar livre
  • Navegue no computador e use smartphones com bom senso
  • Siga uma alimentação equilibrada

Gabriel pontua que é primordial o consumo de alimentos que forneçam aminoácidos, lipídios e carboidratos, vitamina A e micronutrientes como o selênio, ferro e magnésio. E vale ressaltar que alimentos processados ou industrializados, não fornecem nutrientes ou vitaminas necessárias para o organismo e consequentemente para a saúde ocular.

É fundamental a visita periódica ao oftalmologista, mesmo que a pessoa não apresente sintomas ou alguma doença visual, para prevenção e tratamento de condições que podem causar danos sérios ou até permanentes à visão. O mais recomendado é a visita anual, entretanto dependendo do critério médico as consultas podem ser mais regulares afirma o especialista.