Duas mortes por febre Oropouche no Brasil
Culex quinquefasciatus um dos transmissores da febre Oropouche
Culex quinquefasciatus um dos transmissores da febre Oropouche

Duas mortes por febre Oropouche no Brasil

Pela primeira vez na história, a febre Oropouche causou a morte de duas pessoas. A confirmação foi feita pelo próprio Ministério da Saúde nesta quinta-feira (25). No meio científico, não há registros da doença ter causado a morte de alguma pessoa.

DETECÇÃO DE CASOS

As vítimas são duas mulheres, de 22 e 24 anos, residentes nas cidades de Camamu e Valença, na Bahia. Ambas não apresentavam comorbidades e manifestaram sintomas semelhantes aos da dengue grave.

A Secretaria de Estado da Saúde da Bahia conduziu a investigação dos casos. A confirmação pelo Ministério da Saúde ocorreu após a ampliação da testagem diagnóstica em 2023, que permitiu a detecção de casos em todo o país.

O QUE É A FEBRE OROPOUCHE?

A febre Oropouche é uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito maruim (Culicoides paraensis) e por espécies do mosquito Culex.

Identificada pela primeira vez no Brasil em 1960, a doença pode ser confundida com a dengue devido a sintomas semelhantes. Pacientes apresentam:

  • febre de início súbito;
  • dor de cabeça;
  • dor muscular;
  • dor articular.

Outros sintomas incluem:

  • Tontura;
  • dor retro-ocular;
  • calafrios;
  • fotofobia;
  • náuseas;
  • vômitos.

A maioria dos casos tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves.

INVESTIGAÇÕES EM CURSO

Além das duas mortes confirmadas, o Ministério da Saúde investiga um óbito em Santa Catarina e se quatro casos de interrupção de gestação e dois de microcefalia em bebês estão relacionados à doença nos estados de Pernambuco, Bahia e Acre. Foi descartada a relação da febre Oropouche com uma morte no Maranhão.

MEDIDAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Para enfrentar a doença, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica a todos os estados e municípios, recomendando o reforço da vigilância em saúde sobre a possibilidade de transmissão vertical do vírus.

A medida foi adotada após o Instituto Evandro Chagas detectar a presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos com microcefalia.

ORIENTAÇÕES PARA A POPULAÇÃO

Até o momento, não há evidências científicas consistentes sobre a transmissão do vírus Oropouche da mãe infectada para o bebê durante a gestação, nem sobre o efeito da infecção sobre malformação de bebês ou aborto.

Este ano, já foram registrados 7.236 casos de febre Oropouche em 20 estados, com a maioria dos casos identificados no Amazonas e em Rondônia.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

O Ministério da Saúde coordena uma Sala Nacional de Arboviroses, que monitora a situação da febre Oropouche, bem como casos de dengue, chikungunya e Zika.

A prevenção envolve evitar áreas com presença de maruins e minimizar a exposição às picadas de mosquitos, utilizando roupas compridas, sapatos fechados e telas de malha fina em portas e janelas.

AÇÕES DO GOVERNO

Entre as ações do Ministério da Saúde para enfrentar a febre Oropouche estão:

  • Ampliação da testagem para detecção de casos em todo o país desde 2023.
  • Contratação de 380 mil testes adicionais para diagnóstico laboratorial em 2024.
  • Realização de webinários sobre aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais da doença.
  • Realização de visitas técnicas para apoio local e investigação epidemiológica em diversos estados.
  • Investigação entomológica em municípios com casos detectáveis do vírus.

COMPROMISSO COM A SAÚDE PÚBLICA

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, afirmou que o Ministério da Saúde está mobilizado para dar respostas coordenadas, com ações permanentes e a construção do Plano de Enfrentamento da Dengue e outras Arboviroses 2024/2025.

O plano inclui vigilância em saúde, manejo clínico, organização dos serviços de saúde, controle vetorial, financiamento de pesquisas e comunicação com a sociedade.

Fonte: Agência Brasil, Ministério da Saúde e Folha de São Paulo