Doação de órgãos: número de transplantes cai durante a pandemia - FRONT SAÚDE

Doação de órgãos: número de transplantes cai durante a pandemia

O mês de setembro é dedicado a muitas causas sociais, inclusive a conscientização da doação de órgãos no Brasil, que celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos em 27 de setembro. Para ser um doador de órgãos é necessário avisar a família. 

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) revelou que a pandemia gerou uma queda nos transplantes, principalmente de rim, afetando cerca de 80 mil pessoas.  

Rede de doação no Pará 

No programa de transplante de doação órgãos há duas redes: a rede de transplantes de receptores e a rede de doadores. Ambas redes precisam estar ligadas.   

A rede de doação é uma responsabilidade compartilhada que envolve os governos federais, estaduais e municipais.  

A coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Pará Ierecê Miranda falou sobre a importância da responsabilidade da instituição além da sociedade. “Temos uma gama de atores e cada um tem a sua responsabilidade para que aconteça o transplante”, afirma.   

Os tipos de mortes para a doação de órgãos 

Morte circulatória – Aquela considerada de “coração parado” e ocorre fora das dependências da unidade da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em que a pessoa não está ligada ao respirador mecânico. Neste tipo de óbito, apenas as córneas podem ser aproveitadas.   

Morte encefálica – Acontece dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em que a pessoa está ligada a um respirador, se encontra em coma e vai a óbito. Nesse caso, além da córnea, outros órgãos como fígado, rim, coração, pele, pulão podem ser transplantados.   

Em 2019, o Pará registrou mais de 7 mil mortes por causas externas, dessas, 700 foram por causas neurológicas. A central do Estado recebe, em média, 115 a 120 notificações de mortes. De acordo com Ierecê, essa notificação é essencial para as famílias. “A notificação faz com as famílias possam receber as notícias”, enfatiza.  

Dados no Pará  

Em março de 2020, por causa da pandemia, a captação foi suspensa em todo o Brasil pelo Ministério da Saúde. O Pará registou 36 doadores de córnea entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, que de acordo com a Central, é considerado um dado histórico alcançado em apenas dois meses. 

2019 

136 doares de córnea; 

 20 doadores de órgãos. 

2020 

36 doadores de córnea;  

4 doadores de órgãos. 

Até 15 de setembro de 2021 

14 doadores de córnea; 

2 doadores de órgãos. 

Devido a pandemia, entre 2019 e 2020 houve uma queda de 74% no número de doadores.   

Ações do Programa Estadual de Transplantes do Pará

A central organizou o programa estadual de transplantes para retomar as estratégias de incentivo para a doação.   

  • Instituir e padronizar instruções operacionais para que os hospitais saibam notificar as mortes;  
  • Criar orientações padronizadas sobre o diagnóstico e notificação de morte encefálicas para oportunizar as famílias;  
  • Trabalhar as orientações para encaminhar para os hospitais;     
  • Elaboração de projeto de educação para todos os profissionais da saúde para atuar no processo de doação de órgãos nos hospitais em parceria com a Universidade Estadual do Pará (Uepa) e o Governo do Pará.    

“Esse projeto incialmente vai trazer profissionais de fora para ministrar essa capacitação e em seguida com os profissionais do Pará de educação”, falou a coordenadora da central.   

O projeto tem previsão para iniciar em fevereiro de 2022.