A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os distúrbios do sono já são o segundo transtorno mental mais recorrente no mundo, afetando um terço da população global.
O impacto disso é profundo, pois o sono não é apenas uma necessidade fisiológica, mas um elemento vital para a regulação do humor e das emoções.
A falta de sono adequado pode intensificar sintomas de transtornos como depressão e ansiedade, além de contribuir para o desenvolvimento dessas condições.
Estudos indicam que até 90% das pessoas com depressão enfrentam dificuldades para dormir.
A apneia do sono, caracterizada por interrupções na respiração durante a noite, também está associada a um risco elevado de transtornos mentais, agravando o quadro clínico dos pacientes.
“O distúrbio do sono é frequentemente associado a transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. Esta relação é uma via de mão dupla”, explica o Dr. Geraldo Lorenzi-Filho, Diretor Médico e Especialista em Medicina do Sono da Biologix.
O IMPACTO DO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO NO SONO
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é outro exemplo de como a saúde mental e a qualidade do sono estão intimamente ligadas.
Indivíduos com TEPT frequentemente enfrentam pesadelos recorrentes e dificuldades para dormir, o que não só prejudica a qualidade do sono, mas também intensifica os sintomas do transtorno.
“Ignorar problemas como a apneia do sono, a insônia crônica ou o estresse pós-traumático pode ter consequências graves e duradouras na saúde psicológica das pessoas”, alerta o Dr. Lorenzi-Filho.
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE MENTAL
Em um mundo onde a saúde mental enfrenta uma verdadeira epidemia, a atenção aos primeiros sinais é crucial para evitar o agravamento dos casos.
Segundo a OMS, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental, sendo a ansiedade e a depressão os mais comuns.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou quase 60 milhões de atendimentos em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) entre 2019 e 2021.
Para Alfredo Maluf, coordenador de Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein, a falta de estruturação adequada dos serviços de saúde mental pode levar a uma condição crônica, com perda de anos de vida e produtividade.
“É preciso ter estratégias de intervenção em todas as vias, promover um atendimento integrado e o acesso das pessoas aos diferentes níveis de atendimento”, afirma.
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O FUTURO DA SAÚDE MENTAL
Amanda Menon, coordenadora dos serviços públicos de saúde mental administrados pelo Einstein, destaca que a saúde mental deve ser uma responsabilidade compartilhada entre todos os profissionais de saúde.
A escuta e o direcionamento de cuidados não devem se restringir a psiquiatras e psicólogos, mas ser parte integrante da atuação de enfermeiros, técnicos e outros profissionais.
Menon também ressalta a importância da integração entre os diferentes níveis de atenção à saúde para evitar a fragmentação do atendimento e assegurar que os pacientes recebam cuidados adequados em tempo hábil. “A saúde mental é, ou deveria ser, um cuidado longitudinal”, afirma.
Para o futuro, tanto Maluf quanto Menon veem a tecnologia, como a telemedicina e aplicativos de suporte, como aliados essenciais na ampliação do acesso aos cuidados de saúde mental, especialmente em regiões remotas.
“A trajetória futura está voltada para a humanização do atendimento, a promoção da saúde mental como um aspecto fundamental do bem-estar geral e a implementação de práticas inovadoras que garantam acesso equitativo a cuidados seguros e de qualidade”, conclui Menon.
Fontes: Executivos da Saúde e Futuro da Saúde
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