Brasil estuda terapia inovadora para anemia falciforme
Na imagem da esquerda, glóbulos vermelhos normais e na imagem da direita, glóbulos da anemia falciforme

Brasil estuda terapia inovadora para anemia falciforme

Os avanços na terapia de edição de DNA para anemia falciforme nos EUA e os esforços brasileiros para democratizar o acesso ao tratamento

A recente aprovação nos EUA da primeira terapia de edição de DNA para tratar a anemia falciforme trouxe à tona debates sobre acesso e custos. Enquanto isso, no Brasil, pesquisadores buscam desenvolver tecnologia própria para disponibilizar o tratamento no SUS, beneficiando cerca de 80 mil pessoas com a doença hereditária.

Parceria Público-Privada impulsiona pesquisa no Brasil

Um programa de parceria entre o Ministério da Saúde e hospitais privados destaca-se na busca por uma solução local. O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, lidera a pesquisa utilizando a técnica CRISPR-Cas9, que rendeu o prêmio Nobel à bioquímica Jennifer Doudna.

Edição genética: Uma nova esperança

Sob a liderança do imunologista Ricardo Weinlich, cientistas já conseguiram modificar o genoma de pacientes em amostras de células. Se os testes em maior escala forem bem-sucedidos, um teste clínico no Brasil pode começar em dois anos, oferecendo uma nova possibilidade de cura.

Entendendo a anemia falciforme

A anemia falciforme, hereditária e mais comum em famílias negras, provoca alterações nas células sanguíneas, comprometendo o transporte de oxigênio. A terapia CRISPR surge como uma esperança de ampliar as opções de intervenção, proporcionando benefícios não apenas aos pacientes, mas também ao sistema de saúde.

Desafios e perspectivas

Embora o transplante de medula óssea, utilizado em terapias contra leucemia, seja um procedimento eficaz, a terapia CRISPR permite que o próprio paciente doe o material modificado. Apesar dos custos iniciais, a pesquisa busca tornar a tecnologia mais acessível no futuro, considerando o histórico de racismo estrutural que afeta a maioria dos pacientes dependentes do SUS.

Alternativas em pesquisa: Restauração da hemoglobina e inovações no processo

O Hospital Einstein trabalha em duas terapias com CRISPR: uma busca restaurar a hemoglobina normal, enquanto outra foca em uma versão fetal da proteína. Outros grupos, como o Instituto D’Or em colaboração com Jennifer Doudna, buscam reduzir custos e simplificar o processo de administração do tratamento.

Democratizando o acesso: Um compromisso da pesquisa brasileira

Ressaltando a importância de não gerar patentes e royalties, Weinlich destaca o compromisso de disponibilizar a tecnologia desenvolvida diretamente no SUS. Pesquisadores também exploram alternativas, como a administração do CRISPR por via venosa, visando tornar o tratamento mais acessível a um maior número de pacientes.

Em meio aos desafios, a pesquisa brasileira busca não apenas avançar na ciência, mas também garantir que a inovação alcance aqueles historicamente negligenciados, proporcionando esperança e qualidade de vida para os portadores de anemia falciforme.

Fonte: O Globo