Diversas são as doenças neurológicas existentes, e algumas são mais conhecidas pela população do que outras, o que não é o caso da Encefalomielite Disseminada Aguda também conhecida por ADEM, que além ser rara, é considerada grave. “É uma doença inflamatória do sistema nervoso central, do tipo desmielinizante, ou seja, quando há lesão da bainha de mielina, estrutura que recobre grande parte das fibras nervosas e que permite a condução dos impulsos nervosos”, explica a Neurologista Celina Israel.
Segundo a especialista, a maior representante desse grupo de doenças é a Esclerose Múltipla, mas existem outras que compartilham aspectos em comum, como a ADEM.
Causas
De acordo com a médica, a ADEM é mediada pela própria imunidade do paciente e pode ser que o quadro infeccioso prévio seja o gatilho para a liberação de fatores inflamatórios e anticorpos que atacam a bainha de mielina.
Ela também esclarece que, “não se pode descartar ainda a possibilidade da infecção viral causar uma agressão direta ao sistema nervoso. Participa também a vulnerabilidade individual de cada pessoa, relacionada ao seu perfil imunogenético”.
Sintomas
Segundo a médica, na maioria das vezes, a ADEM é antecedida por uma doença febril sistêmica como, por exemplo, uma infecção das vias aéreas superiores ou gastroenterite.
Cerca de 2 a 3 semanas iniciam-se os sintomas da doença que podem ser:
Dor de cabeça;
Mal estar;
Febre;
Apatia;
Déficit de força em membros;
Confusão mental;
Crises convulsivas;
Rebaixamento do nível de consciência;
Incoordenação motora;
Sinais de lesões de nervos cranianos.
“A doença evolui em uma única fase, com recuperação significativa ou completa, na maioria dos pacientes”, complementa.
Fatores de risco
Segundo a especialista, não existem fatores de risco específicos.
Quem pode ser acometido?
A médica esclarece que a doença acomete, preferencialmente, a população jovem sobretudo crianças, com média de idade entre 5 a 8 anos de idade, e que em adultos e idosos é menos comum.
ADEM pode matar?
A neurologista lembra que a taxa de mortalidade pela doença é baixa. “O prognóstico a longo prazo é favorável, com estatísticas de recuperação completa em 70-90% dos casos. Em alguns casos ficam sequelas mínimas”, afirma.
Diagnóstico
De acordo com Celina, o diagnóstico é feito após coleta de história clínica e exame neurológico adequados. “O relato de uma infecção febril poucas semanas antes do quadro neurológico reforça a suspeita”.
Ela comenta que existem exames complementares que podem comprovar a doença:
- Coleta e análise do líquido cefalorraquidiano, feito por meio da punção lombar, considerado importante para descartar o diagnóstico de meningite infecciosa e pode mostrar aumento de células inflamatórias;
- Ressonância magnética de crânio: mostra as várias alterações compatíveis com o quadro inflamatório, em regiões diversas do cérebro. Podem aparecer também na medula espinhal.
Tratamento
Por fim, a neurologista destaca que tratamento é realizado por meio de corticoide que, de início, são feitos pela veia do paciente e a seguir por via oral, por semanas. “Essa medicação diminui a resposta inflamatória no sistema nervoso e reduz o inchaço causado pelas lesões. Há também a possibilidade de utilizar o remédio ‘imunoglobulina humana’ dentro da veia nos casos que não responderam ao corticoide”.
Deixe uma resposta