A preparação de um médico inclui a necessidade de adquirir conhecimentos adicionais por meio de estudos aprofundados, participação em aulas teóricas e práticas, bem como dedicar-se inteiramente ao conteúdo proporcionado pela instituição de ensino superior. Além disso, é indispensável que o profissional seja capaz de estabelecer uma boa comunicação com os pacientes. Desde uma simples consulta até o acompanhamento de um tratamento, a habilidade de se comunicar adequadamente é essencial para o êxito de cada caso.
Entretanto, a principal dificuldade para a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes surdos é a barreira linguística. Muitos profissionais de saúde não são fluentes em Libras (Língua Brasileira de Sinais), que é a língua materna da maioria das pessoas surdas no Brasil. Isso dificulta a comunicação adequada e pode levar a diagnósticos errados ou incompletos, bem como à falta de entendimento sobre tratamentos e cuidados.
Apesar da existência de leis que garantem os direitos das pessoas com deficiência no Brasil, como a Lei de Acessibilidade (Lei nº 10.098/2000) e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma saúde igualitária para a comunidade surda, conforme prevê o Decreto 5.626/05 de 22 de dezembro de 2005 em seu Capítulo VII, que trata da Garantia do Direito à Saúde das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva.
Pensando nisso, o especialista em Educação Especial, professor e intérprete de Libras, Orlando Santana de Oliveira Júnior, docente do IDOMED – Instituto de Educação Médica, em Castanhal, atua desde 2005 em cursos livres e em universidades, especialmente nos cursos de licenciatura, promovendo o aprendizado de Libras entre os futuros profissionais. Este ano, ele terá a sua primeira experiência desenvolvendo esse importante trabalho para alunos do curso de Medicina do IDOMED Castanhal.
“Hoje, o curso de Medicina possui dentro de suas diretrizes proporcionar ao aluno uma formação focada no ‘cuidado centrado na pessoa’, trabalhando tal diretriz na disciplina de Humanidades Médicas e Profissionais, que vai do 1º ao 8º semestre. Uma vez que o foco da formação é esse, aprender a Língua Brasileira de Sinais – Libras durante esse processo formativo dará ao aluno e futuro profissional de saúde condições de atender de maneira humanizada a pessoa surda que buscar atendimento, dando ainda a possibilidade de elaboração de um diagnóstico, um tratamento e a própria prevenção com maior segurança”, explica.
O professor relata ainda que já atuou como intérprete, acompanhando pessoas surdas em algumas consultas com clínico geral e ginecologista. A atuação mais recente foi pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em uma Unidade Básica de Saúde, onde a paciente estava levando os resultados dos exames para a avaliação médica. “A minha atuação possibilitou que a paciente pudesse entender claramente as orientações médicas”, frisou.
Além do trabalho desenvolvido com as turmas de Medicina, o professor também trabalhou, em colaboração com a mestra Antônia Leite, do Instituto Federal do Pará, na produção intitulada “Orientações para receber e atender o estudante com surdez: guia didático instrucional”, pesquisa não diretamente aplicada à medicina, mas que contribui para promover a inclusão de pessoas surdas em todas as áreas.
*Com informações da Assessoria de Imprensa
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