A solidão masculina tem as suas raízes na maior dificuldade dos homens, que é de expor suas emoções e laços de amizade. É sabido que as boas amizades construídas ao longo de uma vida tem inestimável valor para a felicidade e o bem-estar das pessoas. É o que explica a terapeuta Carmen Sisnando. “Não é fácil semear elos firmes e duradouros, pois isso envolve costurar afinidades, abrir o peito e deixar que o outro enxergue emoções a que poucos têm acesso. E, na era da pressa moderna, afeita à efemeridade das redes sociais, formar laços que rompam a bolha da superficialidade tornou-se muito complexo. Essa dificuldade se delineia na população masculina, tradicionalmente menos disposta a expor os seus sentimentos e fragilidades do que a ala feminina”.
Pesquisa realizada pelo Instituto Survey Center on American Life mostra que 47% dos homens estão insatisfeitos com o seu círculo de amizades, restrito e incapaz de lhes dar o suporte emocional esperado. Quando precisam, somente 16% aciona alguém fora da rede familiar. “Culturalmente, para o homem é mais complicado falar sobre os seus conflitos, dúvidas e fragilidades. Nos meninos, o processo de se fechar em si mesmo tem início por volta dos 14, 15 anos. Conforme ficam adultos, esse movimento vai se acentuando. Desde cedo, eles assimilam a ideia de que exibir sentimento é sinal de vulnerabilidade”, analisa a terapeuta.
Para selar uma amizade, os motivos enumerados pelas mulheres são bem diferente dos motivos masculinos. Acima de tudo, elas buscam trocas emocionais e intimidade, enquanto que eles tendem a observar, mais atentamente, os tributos externos, como posição social e prestígio, segundo os estudos das universidades de Oklahoma e Arizona, nos EUA. “A maioria não percebe. Mas ao cultivarem amizades sem profundidade, eles se colocam em desnecessário lugar de desamparo”, avalia terapeuta Carmen Sisnando. “Para uma parcela dos que se queixam de solidão, a dificuldade de dar densidade às conversas começa na adolescência. Nessa fase, os que não se amoldam aos padrões dominantes tendem a ser excluídos e a viver ilhados. É justamente aí que eles penam mais do que elas. Um tormento que, mais adiante, poderá se converter em relações baseadas na desconfiança”.
Segundo os estudos feitos pela Universidade Harvard, os efeitos de relações verdadeiras e duradouras são a chave para a plenitude. As amizades baseadas em igualdade e reciprocidade são um potente remédio para a solução de problemas, tornando as pessoas mais autoconfiantes e generosas para com o próximo. “Felizmente, uma parcela dos homens começa a falar mais sobre o que sente. Conseguir ficar bem sozinho propicia momentos de autoconhecimento. Porém, quando a amizade entre os homens sai da superficialidade, faz enorme diferença ao desenvolvimento pessoal. E não lhes faltam motivos para virar a página do silêncio e ir atrás de um bom amigo”, conclui a terapeuta.
*Com informações da assessoria de imprensa
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