Após o parto, o corpo da mulher passa por mudanças, inclusive com relação aos níveis de hormônios. Esse processo pode ser fisiológico ou por disfunções patológicas. Alguns sinais podem indicar essa alteração durante esse período, o que pode ocasionar no aparecimento de algumas doenças.
A endocrinologista Carlliane Lins explica os sinais apresentados pelo corpo da mulher durante esse período. “O que ocorre normalmente no pós-parto é a queda brusca dos hormônios estrogênio e progesterona que estavam altos para manter a gestação. Com a queda desses hormônios e a subida de um outro hormônio, a prolactina, necessária para a produção do leite, a mulher para de ovular e a menstruação não vem por um tempo. Nesse momento, muitas mulheres sentem redução no desejo sexual. Sintomas emocionais como instabilidade, medo e depressão também podem acontecer exacerbados pelas próprias inseguranças e desafios do momento”, destaca.
De acordo com a médica, o sofrimento psíquico que as mulheres apresentam no puerpério indica a necessidade de um tratamento profissional. Alguns sintomas podem indicar essa alteração. “Quando a mulher tem uma boa rede de apoio, ela consegue administrar essas flutuações hormonais. Quando o cansaço, tristeza, desânimo forem exacerbados, com sentimento de pânico, desespero e inutilidade, causando grande sofrimento psíquico, a mulher precisa de ajuda profissional. Pode ser um sinal de que ela está evoluindo com algo mais nos pós-parto, algo que vai além das alterações fisiológicas esperadas”, afirma.
No pós-parto podem surgir o aparecimento de doenças relacionadas as disfunções hormonais e autoimunes. A glândula tireoide pode ser afetada durante esse período. “Nesse contexto do pós-parto, doenças podem surgir, entre elas, muitas doenças autoimunes e disfunções hormonais de outros eixos. O principal é o eixo tireoidiano. A tireoide pode apresentar alteração nesse período do puerpério, com disfunção na produção e/ou liberação de seus hormônios, causando hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Não é incomum essas alterações da tireoide, especialmente no primeiro ano após o parto. Sinais e sintomas como alteração no padrão do sono, intestino, alteração de peso, inchaço, labilidade emocional, palpitação, intolerância ao calor ou ao frio, problemas de concentração e memória, queda de cabelo e até dificuldade na lactação podem acontecer”, afirma Carlliane.
Cada causa é avaliada e tratada de uma forma. A especialista enfatiza a necessidade da avaliação de um médico para o diagnóstico. “As mulheres com essas queixas, precisam ser avaliadas pelo obstetra/ginecologista e ter sua função hormonal avaliada, não só dos hormônios sexuais femininos, mas também os outros hormônios como os da tireoide. Uma vez diagnosticado o problema, o tratamento é específico, de acordo com a causa”.
Por fim, a médica aponta a importância da rede de apoio multiprofissional, mas também familiar durante esse processo. “Muito importante entender que o puerpério por si só é um momento desafiador e que demanda também uma abordagem multiprofissional. Muitos dos sintomas não têm origem nas disfunções hormonais patológicas e o apoio psicossocial e uma rede de apoio familiar são essenciais. Quando as alterações hormonais são afastadas como causadoras de sintomas emocionais exacerbados, o diagnóstico de depressão pós-parto precisa ser considerado é, mais uma vez, demandará abordagem específica”, conclui.
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