A partir desta quarta-feira (3), pessoas de 15 a 45 anos que utilizam a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) passam a ser incluídas no público-alvo da vacinação contra o HPV.
A medida, divulgada em nota técnica pelo Ministério da Saúde, busca ampliar a prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e cânceres causados pelo papilomavírus humano (HPV).
IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO
Para Pedro Barbosa, um enfermeiro de 25 anos de Uberlândia (MG) que usa PrEP desde 2021, a inclusão é fundamental.
“Fiz o acompanhamento e os exames médicos periódicos e, desde então, me sinto muito mais seguro em relação à minha saúde sexual. Esse é mais um passo no caminho de atingirmos menos casos de infecções sexualmente transmissíveis”, afirma.
IMPACTO DO HPV
O HPV é uma IST associada a verrugas genitais e ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, incluindo colo do útero, vulva, pênis, ânus e orofaringe.
Transmitido por contato sexual, direto com pele ou mucosa infectada, o vírus possui mais de 100 tipos, sendo 14 deles considerados de alto risco e cancerígenos.
DADOS DA PREVALÊNCIA DO HPV NO BRASIL
Segundo o Estudo Epidemiológico sobre Prevalência Nacional HPV (POP-Brasil), que analisou homens e mulheres entre 16 e 25 anos, 53,6% dos participantes tinham HPV, com 35,2% apresentando genótipos de alto risco.
O uso rotineiro de preservativos foi reportado por 50,7% dos entrevistados, enquanto 12,7% relataram já ter tido uma IST.
ACESSO E PREVENÇÃO
O diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs, Draurio Barreira, destaca a importância do acesso à vacina para usuários de PrEP.
“Oportunizar o acesso à vacina HPV4 para usuários da PrEP é uma ação com impacto na prevenção das neoplasias relacionadas ao HPV para populações de maior vulnerabilidade às ISTs”, explica.
VACINAÇÃO PELO SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina quadrivalente (HPV4), que protege contra as principais complicações do HPV.
A vacinação é destinada a crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV e Aids, pacientes oncológicos, pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PRR) e vítimas de violência sexual.
DADOS DE IMUNIZAÇÃO
Desde o início da vacinação contra o HPV no SUS, 75,8% do público feminino tomou a primeira dose e 58,2% tomou a segunda. Entre os homens, os números são 53,1% para a primeira dose e 33,2% para a segunda.
ESTRATÉGIA DE DOSE ÚNICA
Recentemente, o Ministério da Saúde adotou o esquema de dose única para crianças e adolescentes imunocompetentes, seguindo recomendações da OMS e da Opas.
A estratégia visa intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao HPV, aumentando a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país.
PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV
A PrEP, indicada para pessoas a partir dos 15 anos com risco aumentado de infecção pelo HIV, é uma pílula diária que contém tenofovir e entricitabina.
Atualmente, existem 939 unidades dispensadoras de PrEP em 540 municípios brasileiros.
Em março de 2024, cerca de 84.926 pessoas usavam a PrEP, sendo a maioria homens que fazem sexo com homens, seguidos por mulheres trans e travestis, homens cisgêneros heterossexuais e mulheres cisgêneros.
AMPLIAÇÃO SEM IMPACTO NO PÚBLICO INICIAL
A ampliação da vacinação contra o HPV para usuários de PrEP não afeta o público inicialmente contemplado e visa prevenir neoplasias nas populações mais vulneráveis, como gays, outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans.
SAÚDE NAS ESCOLAS
Em 2023, o governo federal retomou ações de prevenção de violências, promoção da saúde sexual e reprodutiva e prevenção de HIV/ISTs nas escolas.
O Ministério da Saúde destinou mais de R$ 90 milhões para os municípios aderentes ao Programa Saúde na Escola (PSE), alcançando recorde de adesões com 99% das cidades brasileiras habilitadas ao recurso.
Fonte: Ministério da Saúde
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