A trombose é a interrupção do fluxo sanguíneo normal. A partir do momento em que ocorre a obstrução desse fluxo acontece a trombose. No Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, especialistas falam sobre o alerta e tratamentos para a doença.
O hematologista João Saraiva explica os principais mecanismos que desenvolvem a doença. “Basicamente temos três grandes mecanismos que podem causar a trombose. O primeiro deles é a estase sanguínea. Sempre que o sangue fica com fluxo lentificado das veias e artérias favorece a formação de coágulos sanguíneos. Um dos principais exemplos é quando o paciente fica acamado com restrição de movimentos por muito tempo. O segundo mecanismo, é lesão endotelial. O endotélio é um tecido dos vasos e artérias. Sempre que esse tecido é lesionado de alguma maneira, seja por ferimento, seja por algumas doenças que podem afetar o endotélio, isso pode causar trombose também. E o último desses mecanismos é chamado de hipercoagulabilidade, que é uma tendência da pessoa e pode ser tanto hereditário ou adquirida, ou seja, que nasce com ela ou adquirida no decorrer da vida, então há uma maior chance de formação de coágulos sanguíneos e logo de trombose”, afirma.
De acordo com o especialista, os sintomas da trombose vão depender de onde ela acontece. “A doença pode acontecer em qualquer local. Desde a perna aos braços e até mesmo na cabeça. Existe a trombose venosa cerebral e trombose em veias e artérias renais. A maior das tromboses venosas ocorre nos membros inferiores nas pernas. Quando o paciente tem a chamada assimetria nas pernas associada a dor na panturrilha e com um empastamento, são os principais sintomas da trombose venosa profunda do membro inferior”, pontua.
O hematologista explica que os fatores de riscos para a trombose podem ser provocados ou não. “Em relação ao um fator de risco para a trombose, sempre que a gente encontra um paciente que está com um quadro de trombose temos que perguntar se é provocada ou não provocada. A trombose provocada é quando tem um fator de risco associado, sendo eles, a imobilidade, paciente que são submetidos a cirurgia e que tem que ficar muito tempo acamados, sem caminhar, principalmente acima de 72 horas, a gente já viu um aumento desse risco. Pacientes oncológicos com tumores de intestino, tumor de estômago, de pâncreas e até mesmo tumores hematológicos como linfomas aumentam o risco de trombose, além disso, pacientes vítimas de trauma, normalmente com lesão ortopédica também tem um maior risco de trombose. Mulheres que já tem tendência familiar e fazem uso de anticoncepcional que contém estrógeno, também aumenta o risco de trombose e fatores menores associados como obesidade e tabagismo”, ressalta.
A trombose não provocada ocorre quando não há fator de risco. “Quando você não identifica nenhum fator de risco no seu paciente, a gente vai atrás do que a gente chama de causas de trombose não provocada, que são as trombofilias, ou seja, uma tendência da pessoa seja essa hereditária ou adquirida a desenvolver trombose. Existem exames para investigar marcadores, como fator V de Leiden, como o da gene da protrombina, anticoagulante lúpico para ver se o paciente tem a chamada síndrome do anticorpo antifosfolípide, que são condições que aumentam o risco de trombose mesmo que não tenha nenhum fator de risco diretamente associado”, explica João.
Para o especialista, as pessoas precisam conhecer o que é a doença e evitar os riscos, inclusive, de morte. “Os riscos, por exemplo, da trombose venosa profunda, que ocorre nas pernas, pode causar uma embolia pulmonar. Ele sai da perna, entra na circulação e vai se instalar no pulmão. No pulmão ele tem maior risco de causar complicações, maior risco de causar sofrimento cardíaco, podendo levar ao óbito do paciente de forma rápida. Se essa trombose se estabelecer em locais nobres principalmente na artéria, como as artérias que irrigam o cérebro como as artérias que irrigam o coração, ela sim, pode matar. O fato de a população conhecer o que é trombose, conhecer quais são os principais sinais e sintomas, conhecer como identificar de forma precoce é fundamental para evitar desfechos ruins”.
A trombose tem tratamento e deve ser feito com um acompanhamento por um especialista. “No primeiro momento, o paciente passa pelo uso de anticoagulante. Essas drogas delas tem por objetivo ‘afinar o sangue’ e o fluxo sanguíneo lentamente possa voltar a ser estabelecido naquela região e o próprio trombo o formado, o próprio coagulo, vai ser dissolvido pelo corpo como principais representantes dos anticoagulantes”, conclui.
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