No dicionário de língua portuguesa, a superstição é definida como crença sem fundamento racional e lógico que, normalmente, se baseia em situações recorrentes ou coincidências eventuais. Das mais comuns às mais “sinistras”, as superstições podem ser consideradas boas ou ruins como, por exemplo, acreditar que um trevo de quatro folhas vai trazer sorte, mas que também a sexta-feira no dia 13, trará azar. Independentemente de quem acredita ou não, especialistas explicam que as superstições podem trazer benefícios à saúde mental se for mantida como uma relação de equilíbrio com quem acredita.
Para a psicóloga Ana Cláudia Machado, a superstição pode ajudar na saúde mental se for ponderada. “Se ela ajudar a pessoa a sentir-se mais encorajada e empoderada para enfrentar as ocorrências do dia a dia, pode ajudar. Se a superstição for equilibrada com a leitura racional da realidade, sem rigidez e com flexibilidade diante das situações que fogem ao nosso controle, pode, eventualmente, ajudar”, ressalta.
Ana Cláudia pontua que não existe um motivo considerado correto sobre o porque das pessoas criarem superstições, mas destaca que é algo comum para as pessoas sobre ter mais confiança em relação a crer em algo. “Essa pergunta não tem uma resposta exata, mas o ser humano tem uma tendência a buscar segurança no que considera conhecido, e não desconhecido. O futuro é incerto, tem sempre milhares de possibilidades que podem se desdobrar, e encarar essa verdade de frente pode ser um tanto difícil”, afirma.
Segundo ela, o uso da superstição pode ajudar a pessoa a se sentir um pouco mais no controle desse eventual futuro desconhecido, e por conta disso pode considerar mais seguro pra encará-lo.
Mas, há também, de acordo com ela, uma relação entre o que a pessoa vive associado às superstições. “É duro assumir a responsabilidade das consequências das nossas escolhas, e eventualmente quando ‘culpamos’ as situações pelo sucesso ou não de uma superstição, acabamos por tirar esse peso das nossas costas. Mas claro, essa é uma das leituras, podemos encontrar vários outros motivos, dependendo da história do indivíduo”, destaca.
A especialista conclui enfatizando que uma superstição excessiva pode trazer prejuízos à saúde mental e tende a piorar com pessoas que tem algum transtorno. “Especialmente pessoas ansiosas tem uma tendência a sofrer mais ainda. Uma crença rígida faz com que a pessoa leia a realidade sob um viés contaminado desse endurecimento. Trazendo culpa, pensamentos obsessivos e até comportamentos compulsivos”, finaliza.
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