A luta contra a aids no Brasil está cada vez mais consolidada, com avanços na detecção, tratamento e prevenção do HIV.
Dados do Ministério da Saúde e do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e a aids (Unaids) mostram que o país alcançou alguns objetivos na eliminação da aids como problema de saúde pública.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS MAIS RECENTES
Em 2023, o Brasil registrou um aumento de 4,5% nos casos de HIV em comparação ao ano anterior, reflexo da maior capacidade de diagnóstico.
Apesar disso, a mortalidade por aids caiu para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes, a menor desde 2013.
Além disso, o número de usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), um medicamento preventivo, mais do que dobrou, alcançando 109 mil pessoas em 2024.
Os dados revelam a importância de estratégias que ampliam o acesso à testagem e ao tratamento, permitindo que mais pessoas tenham diagnóstico precoce e iniciem a terapia antirretroviral.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou o papel fundamental da sociedade civil e dos movimentos sociais na reconstrução das políticas públicas para o HIV e a aids.
AS METAS DA ONU PARA ELIMINAR A AIDS
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu três metas globais conhecidas como 95-95-95, que devem ser alcançadas até 2030:
- 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas: o Brasil já alcançou 96% desse objetivo em 2023.
- 95% das pessoas diagnosticadas em tratamento antirretroviral: atualmente, 82% das pessoas diagnosticadas no Brasil estão em tratamento, o que representa o principal desafio a ser superado.
- 95% das pessoas em tratamento com supressão viral: o país também atingiu essa meta, com 95% das pessoas em tratamento apresentando HIV intransmissível.
Esses indicadores demonstram o progresso do Brasil na eliminação da aids como problema de saúde pública, dois anos antes do prazo estabelecido pela ONU.
ESTRATÉGIAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
O plano do governo federal para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030 inclui sete estratégias principais, alinhadas às metas globais da ONU. Entre elas, destacam-se:
- Ampliar o acesso à prevenção combinada: distribuir dois bilhões de preservativos e 280 milhões de géis lubrificantes, além de expandir o uso da PrEP.
- Fortalecer o diagnóstico precoce: implementar fluxos de testagem mais ágeis e confiáveis em todos os estados, garantindo que mais pessoas sejam diagnosticadas precocemente.
- Garantir tratamento universal e imediato: assegurar que 95% das pessoas diagnosticadas iniciem o tratamento antirretroviral, reduzindo as complicações e melhorando a qualidade de vida.
- Reduzir o estigma e a discriminação: implementar campanhas de conscientização e promover ações afirmativas para populações vulneráveis.
- Apoiar populações em situação de vulnerabilidade: priorizar adolescentes, jovens, pessoas negras, LGBTQIA+, e outros grupos com maior risco de exposição ao HIV.
- Fortalecer a governança da resposta ao HIV: articular ações entre diferentes níveis de governo e organizações da sociedade civil.
- Investir em pesquisa e inovação: fomentar novas estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento para melhorar a resposta ao HIV.
METAS ESPECÍFICAS ATÉ 2027
O plano também estabelece 29 metas detalhadas para 2027, entre elas:
- Reduzir em 50% a taxa de detecção de novos casos de HIV.
- Aumentar para 95% o percentual de gestantes vivendo com HIV em terapia antirretroviral.
- Alcançar 100% dos estados brasileiros com laboratórios de referência para diagnóstico confiável e rápido.
- Diminuir a taxa de transmissão vertical do HIV (de mãe para filho) para ≤ 2%.
- Ter, pelo menos, 50% dos municípios com mais de 100 mil habitantes certificados pela eliminação da transmissão vertical do HIV.
- Ampliar o acesso à testagem para tuberculose em pessoas vivendo com HIV, com uma meta de 95% de cobertura.
- Essas metas são fundamentais para garantir o cuidado contínuo e eficaz para as pessoas vivendo com HIV e aids no Brasil.
DESAFIOS E PRÓXIMOS PASSOS
Apesar dos avanços, alguns desafios permanecem. É necessário readmitir as pessoas ao tratamento que o abandonaram, muitas delas durante a pandemia ou por falta de acesso.
Além disso, ampliar a cobertura do tratamento antirretroviral e fortalecer a rede de cuidado integral são prioridades para os próximos anos.
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