Em janeiro desse ano, a cantora e empresária Preta Gil foi diagnosticada com um câncer no intestino, conhecido como câncer colorretal. E após o tratamento com quimioterapia que estava se submetendo para vencer esse câncer, ela passou a fazer tratamento radioterápico. Mas o que chamou a atenção do público que vem acompanhando sua luta contra a doença atualmente, foi o anúncio do seu divórcio com o personal trainer Rodrigo Godoy com quem manteve um relacionamento por oito anos. E que supostamente poderia ter uma traição envolvida ainda quando estavam casados e ela em tratamento.
Mas o que pode acontecer com uma pessoa que é diagnosticada com alguma doença, está em tratamento ou processo de cura, e é abandonada ou passar por uma situação de grande constrangimento, estresse? Como isso pode afetar tanto a pessoa como o processo?
Primeiro, precisamos tentar compreender o que se passa com a pessoa que está em uma situação delicada de saúde como a Preta. Segundo a psicóloga Silvia Vasconcelos, quando uma pessoa recebe uma notícia sobre sua própria saúde, muitas coisas passam pela sua cabeça. “A questão da vulnerabilidade, vulnerabilidade essa que vai bater com a possibilidade de morte. E se der errado? O que que vai acontecer? Fatores estressantes que afetam o ambiente familiar também, por causa dessa projeção futura das possibilidades, será que eu estarei aqui?”. No caso da cantora, ela tem um único filho de 28 anos e uma neta de oito anos, além dos seus pais e irmãos.
Segundo a vice-presidente do instituto Lar Tereza de Jesus e assistente social, Shirley Pereira dos Santos Vieira, e a também assistente social do Lar, Flávia Miquelino, no estado de Minas, as estatísticas revelam que de cada 100 mulheres com câncer, 20 são abandonadas definitivamente pelos maridos, enquanto, de cada 100 homens com a doença, apenas três são abandonados pelas mulheres. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia, revelou que 70% das pacientes lidam com a rejeição de seus parceiros nesse momento de tratamento.
Geralmente, essas pessoas que estão em uma situação de adoecimento, passam por muito estresse e ansiedade, principalmente porque o pensamento da pessoa vai para o futuro e nesse futuro não tem as respostas, porque dependem de uma série de fatores. A psicóloga cita que o estresse e a ansiedade podem acabar causando uma somatização no ser humano, e apresentar sintomas como: irritabilidade, humor e sono alterados, afetar a alimentação, sem contar com o pensamento acelerado lá no futuro como citado. “Por isso que o tratamento para ansiedade se tiver medicamento, ele vai tirar o sintoma, mas as causas, que são os gatilhos que disparam, mediante a ansiedade, são trabalhadas no processo psicoterápico para com que a pessoa tenha como lidar e se comportar mediante ao enfrentamento da situação.”
Vale destacar que no caso da Preta Gil, não se pode dizer que ela tenha sido abandonada, mas que passou por um processo de divórcio que afeta qualquer pessoa e o pior, a insinuação de uma possível traição por parte do então marido enquanto estavam casados. A psicóloga enfatiza que, só quem sabe o que se passa na vida matrimonial são os dois, “o que você vê de exposição na rede social ou com pessoas externas, não é de fato o que se vive, e os motivos para tal decisão, seja traição, falta de empatia, comprometimento, caráter, etc. Tem inúmeros fatores que devem ser levados em consideração” Silvia finaliza dizendo que num processo de cura, a pessoa precisa de sua rede de apoio, feito por pessoas de confiança que sejam capazes de dar acolhimento, um olhar sem julgar, ter essa abertura de poder ter um lugar para chorar, para falar, caso aconteça uma situação que seja um gatilho que afete seu emocional, “e se eu pudesse dar uma sugestão no processo do tratamento a onde ela pudesse construir realmente essa rede de apoio, ter tempo de qualidade, privacidade e silêncio são ações e situações fundamentais para qualquer ser humano no enfrentamento mediante a um conflito na questão emocional”.
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