A cada dia, 196 brasileiros, em média, recebem o diagnóstico de câncer de próstata. Em um ano, são 71.730 mil casos novos, conforme a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio 2023/2025.
O câncer de próstata é o segundo tipo mais incidente na população masculina em todas as regiões do País, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma.
28,6% das mortes por câncer, entre os homens, no Brasil, são causadas pelo câncer de próstata. Isso significa que um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata.
Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando o tratamento.
Por isso o rastreamento da doença é tão importante. É fundamental para diagnosticar a doença do começo e, assim, assegurar chances de cura superiores a 90%.
O rastreamento do câncer de próstata consiste em se consultar com um urologista anualmente (regra geral), a partir dos 50 anos.
O médico vai solicitar exames, sendo o PSA (exame de sangue) e o toque retal são os mais importantes e serão solicitados conforme os critérios do urologista.
O rastreamento deverá começar mais cedo, a partir dos 45 anos, se o homem tiver fatores de risco: histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão ou tio), ser for negro (homens negros têm maiores chances de desenvolver a doença) ou for obeso.
O oncologista Sandro Cavallero, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, chama a atenção dos homens fazendo uma comparação com o rastreamento do câncer de mama.
“Nós, homens, precisamos seguir o exemplo das mulheres. O rastreamento do câncer de mama inclui a mamografia, que é um exame incômodo. Muitas mulheres reclamam de dor, inclusive. E, apesar disso, a maioria das mulheres não deixa de fazer”, ele comenta.
“Os homens são muito mais negligentes com a própria saúde. Muitos só vão ao consultório ‘arrastados’ pelas esposas. E os principais exames para rastreamento do câncer de próstata são extremamente simples. O PSA, que é um exame de sangue, e o toque retal, que o urologista faz no consultório, demora poucos segundos e é indolor. Então, os homens têm que acordar. Não faz nenhum sentido sofrer ou até morrer devido ao preconceito”, finaliza o médico.
Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração percebida no toque retal. Mas a adesão dos homens aos exames de próstata é baixa.
Segundo uma pesquisa inédita realizada em todo o Brasil pela farmacêutica Apsen, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia, com homens com mais de 50 anos, 80% dos entrevistados disseram que conhecem o exame de toque retal, mas em 2023 menos de 40% dos entrevistados realizaram exames de próstata.
Os dados levantados apontam ainda que 36% dos entrevistados nunca realizaram toque retal, PSA ou ultrassonografia, exames que podem detectar nodulações e alterações no formato e consistência da próstata.
A SBU também fez um levantamento acerca da percepção masculina sobre saúde, que apontou que 1 em cada 7 indivíduos do sexo masculino no Brasil ainda teme o exame de toque.
O preconceito é a principal barreira para a adesão às políticas públicas de saúde do homem. 77% dos entrevistados concordam totalmente que os homens não fazem exame de toque retal por preconceito.
Outro entrave é a falta de cuidado dos homens com a saúde. Dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres vivem, em média, sete anos a mais do que os homens, e um dos motivos disso é que a mulher procura atendimento médico com mais frequência.
Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) revelam que das 160 milhões dos brasileiros que vão ao médico por ano, 82,3% são mulheres.
Enquanto elas costumam ir ao médico de forma preventiva, os homens vão para tratar um problema já existente.
O bancário aposentado Luiz Claudio não tem histórico familiar de câncer de próstata, nunca fumou e sempre fez os exames anuais para rastreamento do câncer de próstata. Ele conta que era uma exigência do banco onde ele trabalhava. Mas Luiz fazia apenas o PSA. Nunca fez o exame de toque.
Ele se aposentou em 2015 e, dois anos depois, começou a ter dificuldades para urinar, dores nas costas e sêmen escurecido.
Procurou um médico que avaliou como pedra nos rins, mas, como não melhorava com medicação, foi encaminhado ao urologista.
O exame de PSA apontou taxas elevadas e o urologista decidiu fazer o exame de toque – o primeiro em toda a vida de Luiz Claudio, com 55 anos.
Foi o suficiente para o médico solicitar uma biópsia. “Fiquei com muito medo, mas fiz. O diagnóstico de câncer de próstata foi confirmado, mas não quis aceitar. Saí do médico em negação”.
Luiz procurou outro médico para uma segunda opinião e o profissional confirmou o diagnóstico.
Mesmo assim, Luiz Claudio passou dois meses sem voltar ao urologista, tomando chás e tudo o que indicavam contra o câncer. Mas não melhorava e a dificuldade para urinar se agravou.
De volta ao urologista, a cirurgia foi marcada para 23 de maio de 2017, seguida de 33 sessões de radioterapia e medicações de bloqueio hormonal.
Em 2020, Luiz Claudio teve Covid, ficou internado por uma semana, com comprometimento pulmonar.
Em dezembro de 2023, exames de imagem de controle, mostraram uma mancha aumentada no pulmão e confirmou-se uma metástase.
Atualmente, Luiz faz quimioterapia oral e continua o bloqueio hormonal a cada 3 meses.
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