No período, 1.130 intervenções cirúrgicas foram feitas. Pacientes contam com o suporte de uma equipe multiprofissional, que tem papel decisivo na adesão à nova forma de vida
Lançado em 10 de setembro de 2020 pelo Governo do Pará, o Programa “Obesidade Zero” chega ao terceiro ano de atividades com 1.130 cirurgias feitas, resultado do trabalho que garante o acesso gratuito à cirurgia bariátrica, pela técnica de vídeo, aos pacientes diagnosticados com a necessidade de intervenção médica.
O público-alvo do programa são pacientes obesos, com ou sem outros problemas de saúde, que precisam de avaliação médica para saber se há indicação para realização do procedimento. Atualmente, as cirurgias são realizadas no Hospital Jean Bitar (HJB), em Belém.
A intervenção é uma das principais alternativas de combate à obesidade de grau 3, e trata-se de uma gastroplastia, ou seja, a redução do tamanho do estômago, que aliada a outras medidas, gera a redução de peso necessária do paciente.
Ao celebrar a marca alcançada pelo Programa, o secretário de Saúde do Estado (Sespa), Rômulo Rodovalho, destaca que reduzir filas de atendimento para intervenções de alta complexidade é um desafio que depende do bom funcionamento de todas as entidades envolvidas, além da dedicação dos profissionais.
“É uma marca histórica, pois são mais de mil pessoas cujas as vidas foram transformadas por esse programa que é referência não só no nosso estado. Faremos o que for possível para continuarmos proporcionando essas mudanças tão importantes para os usuários que buscam essa iniciativa e parabenizo todos os envolvidos nesse processo”, reforça o titular da Sespa.
Mudança de vida
Nesses três anos de atividades, o programa transformou várias vidas, entre elas, a de Ana Carla, de 51 anos, e da filha Ana Caroline, de 31.
Moradora de Outeiro, no distrito de Icoaraci, na grande Belém, Ana Caroline pesava 134 quilos há um ano. Ela conta que tinha dificuldades de realizar atividades do cotidiano, como cuidar da avó, que era acamada. “Antes, eu era responsável pela minha avó, com a realização da higiene pessoal dela, alimentação, locomoção e outras atividades, e por isso, sentia muitas dores no corpo. Um dia, meu pai me disse para eu me cuidar, que não tinha vida social, somente esse trabalho, e tinha que fazer algum tratamento por conta do meu peso”, explica.
Ela conta como ficou sabendo do programa “Obesidade Zero”: “Um dia, em casa, descobri, pela rede social do hospital, que existia esse programa pela Sespa. Fiz a inscrição e fiquei na fila de cadastro. Certo dia me ligaram e a ficha caiu. Fiquei muito feliz”, relembra.
Hoje, Ana Caroline só tem a agradecer pelo apoio que a ajudou a alcançar o peso atual. “Olhar minhas fotos de antigamente, de um ano atrás e não acreditar que era eu; parece que eu era outra pessoa. Agora consigo calçar um sapato, subir a escada da minha casa. A dor nas costas aliviou, o inchaço nas pernas e dores no joelho passaram, mudou completamente minha vida. Antes, eu usava calça tamanho 56, e hoje é 36, nunca imaginei que um dia seria assim”, avalia.
Ana Caroline lembra que o hospital ofereceu todo o suporte necessário, seja na realização de exames, no atendimento pelos profissionais, na alimentação e acomodação. “Sou grata a tudo o que fizeram por mim e ainda vão fazer no pós-cirurgia”, destacou ela, que ao iniciar o processo pré-operatório, também inscreveu a mãe, Ana Carla, então com 119 quilos.
No caso de Ana Carla, o procedimento representou um desafio, pois ela seria a primeira traqueostomizada a passar por cirurgia no programa. “Depois da inscrição, fica na fila, mas depois que você inicia o processo, é rápido. Você passa na primeira consulta, depois, na segunda já pega os laudos. E quando você vê, já fez a cirurgia, e o resultado é imediato. Estou muito satisfeita e agora vou poder concluir meu tratamento”, relata.
Avanços
A enfermeira e coordenadora do Programa “Obesidade Zeno”, Luciana Gomes, faz uma retrospectiva dos avanços. “As cirurgias iniciaram em outubro de 2020 com uma meta de 20 cirurgias por mês. Foi um desafio, pois anteriormente tínhamos uma meta de oito cirurgias de outras especialidades, em que tivemos que alinhar todos os processos de implementação do programa com equipe multiprofissional para atender uma nova demanda e a parte estrutural do centro cirúrgico e unidades de internação”, explica.
A profissional conta que, atualmente, a meta é a realização de 50 cirurgias ao mês. “Nesses três anos de programa, já transformamos 1.130 vidas, porque isso não é uma transformação apenas para o paciente, mas para sua família também”. Ela destaca que o diferencial do programa é preparo que o paciente tem com a equipe multiprofissional, que tem papel decisivo na adesão do paciente a nova forma de vida.
“É uma satisfação imensa fazer parte deste programa e a parte mais gratificante é a consulta no pós-cirúrgico, em que conseguimos visualizar as transformações que já passaram e também o resgate da autoestima de cada um”, relembra Luciana Gomes.
Para o diretor executivo do hospital Jean Bitar, Giovani Merenda, esse é um caso de sucesso idealizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). “É com muita satisfação que chegamos até aqui e estamos entre os 96 centros de cirurgia bariátrica distribuídos pelo país. Agradeço o carinho e a dedicação de todos os profissionais que fazem parte da construção diária desta história que transforma vidas”, relata.
Devem buscar o “Obesidade Zero” todas as pessoas que possuam Índice de Massa Corporal (IMC) acima dos 40 kg/m2 ou aquelas que possuam entre 35 kg/m² e 40 kg/m² com alguma das doenças relacionadas à obesidade, como diabetes, hipertensão arterial, gordura no fígado ou colesterol alto.
Para mais informações, acesse o site do programa AQUI
Texto: Mozart Lira (Sespa) e Marcelo Zeno (Hospital Jean Bitar)
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