Nesta quarta-feira, a cantora Preta Gil passará por uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para retirar o tumor detectado na porção final do intestino em janeiro. Desde o início do ano, a artista, de 49 anos, vem realizando o tratamento com radioterapia e quimioterapia, que encerrou em junho. Agora o procedimento cirúrgico será feito para remover o que restou do câncer.
A cantora foi diagnosticada com um adenocarcinoma, nome dado a um tumor maligno que surge nas células dos tecidos epiteliais glandulares, responsáveis pela secreção. Ele pode se manifestar em diversos órgãos, sendo um dos mais comuns o intestino. O câncer é também conhecido como colorretal e de cólon – os termos englobam todos os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto ou no ânus.
Geralmente, o tratamento padrão de um câncer no intestino tem como intervenção inicial a cirurgia para retirar a parte afetada. É o que explicou em reportagem do GLOBO a oncologista Bárbara Sodré, coordenadora de oncologia do Hospital Marcos Moraes, especializado em câncer, e diretora técnica da unidade de Botafogo da Oncoclínicas, ambos no Rio de Janeiro.
— A cirurgia é o tratamento principal e, de acordo com a extensão do tumor, o quanto ele invade a parede do cólon, se tem acometimento dos linfonodos, vamos indicar o tratamento adjuvante com quimioterapia e radioterapia ou não. Nesse caso é para evitar a chance de a doença voltar — disse.
No caso de Preta Gil, porém, quando a localização é na porção final do intestino, o procedimento padrão é o contrário: começa com as sessões de quimioterapia ou radioterapia para, depois, ser feita a cirurgia. É o que explicou a oncologista Renata D’Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas, também ao GLOBO.
Além disso, em janeiro, um novo estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology sugeriu que essa estratégia pode na realidade ser melhor para todos os tipos de tumores no intestino operáveis. O trabalho, que envolveu 1.053 pacientes em 85 hospitais no Reino Unido, Dinamarca e na Suécia, mostrou que seguir o protocolo feito pela cantora pode reduzir o risco de retorno da doença em 28% no período de até dois anos.
— Esse estudo encontrou resultados interessantes, como a maior regressão dos tumores com as sessões antes da operação. É algo novo, mas é inicial, ainda não altera os padrões mundiais no tratamento hoje — explicou D’Alpino na época.
Como será a cirurgia de Preta Gil?
Preta Gil deu início à quimioterapia poucos dias anunciar após o diagnóstico, em janeiro. Em abril, passou pela última sessão e, no fim do mesmo mês, começou a radioterapia. Em junho terminou a etapa do tratamento e iniciou um período de cerca de dois meses de espera para fazer a intervenção cirúrgica.
Existem diversos tipos diferentes de operações que podem ser realizadas para retirar o que sobrou do tumor. A escolha varia a depender do local, do seu tamanho e do contato com outras estruturas da região. Algumas técnicas envolvem incisões no abdômen, enquanto outras são administradas via anal.
A eficácia do tratamento para a atingir a remissão e, no futuro, a cura, depende principalmente do quão avançado o câncer está. Se fosse um caso de metástase, quando as células cancerígenas se espalham para outras regiões do corpo, as perspectivas de cura seriam reduzidas. Por isso, a detecção precoce é tão importante para um bom desfecho.
Para isso, uma das principais medidas é seguir as recomendações médicas de exames de rastreio. Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a triagem deve começar aos 45 anos e ser realizada a cada 10 anos, mesmo que o exame tenha resultado normal. Isso vale para pacientes sem nenhum risco para o câncer de intestino.
Nos stories do Instagram, após anunciar que faria a cirurgia nesta quarta-feira, Preta Gil aproveitou para chamar atenção sobre a importância de estar com o exame em dia.
*Fonte: O GLOBO
*Foto: Reprodução via Instagram @pretagil
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