Prato típico do Círio, maniçoba representa tradição e variedade de sabores

Um dos principais pratos na mesa dos paraenses durante as festividades do Círio de Nazaré, a maniçoba, é uma tradição em outubro. O prato que traz as sincronias entre as tradições indígenas e africanas retrata a identidade cultural do povo paraense. Neste domingo (10), o almoço do Círio simboliza a celebração de fé e, este ano, também remete a esperança por dias melhores.

Feita com a erva e a folha da maniva que vai ser triturada e cozida por sete dias, a maniçoba é item indispensável na gastronomia paraense e de sabor único. A gastróloga e professora do curso de nutrição da Universidade da Amazônia Danielle Farias explica que a miscigenação de culturas é uma marca do prato. “As peculiaridades vão desde a preparação da maniçoba, que precisa ser cozida durante sete dias para liberar as substâncias tóxicas e vai ser acrescida de várias carnes de vários defumados, vários alimentos, que vem trazendo uma mistura muito poética das culturas indígenas e africanas e de um sabor inigualável. A maniçoba é um prato extremamente típico do norte do nosso Pará da Amazônia, muito consumida no Círio”, afirmou.

Sem deixar a tradição de lado, variações da maniçoba foram surgindo como as versões “light” e vegana, com toques mais saudáveis, como revela a nutricionista. “Eu acredito muito que isso faça com que todo mundo esteja incluído nesse ato de comer a maniçoba no Círio, por exemplo, existem as versões light sem a utilização das carnes gordurosas. Mas existem outras opções como veganas e vegetarianas, que vão utilizar maniva que a base do prato com carnes que são chamadas de carnes vegetais, castanhas e soja que vão trazer para perto da nossa maniçoba tradicional. Acredito que seja muito importante que a gente mantenha o respeito, inclusive com essas de leituras das variações da receita, para que a gente possa de fato incluir todos que gostam que precisam que querem se deliciar e que querem valorizar Nossa cultura da maniçoba”, explicou.

Maniçoba vegana

Representando um aumento de 70% nas vendas do restaurante Govinda, a maniçoba vegana se torna um dos pratos mais procurados em época de Círio. É o que afirma o gestor do local, Francisco Gomes.  “No período do Círio em torno de 70% dos pratos vendidos em nosso restaurante é de maniçoba. Sem contar que muita gente faz a encomenda dela por quilo para ceia do Círio. Tem gente que até compra ela congelada para mandar para parentes em outros estados, no famoso isoporsinho tão característico das viagens dos paraenses”, revelou.

Vendido há mais de 10 anos, a maniçoba vegana surgiu como um desafio para o restaurante. “Sendo uma iguaria tão apreciada da culinária paraense,  sentimos que a maniçoba não poderia ficar fora do nosso cardápio. No entanto tínhamos um desafio: manter as suas características originais, especialmente nos quesitos nutrientes e sabor. Após um trabalho de pesquisas e testes chegamos a essa versão, que fez tanto sucesso que até chegou a ser premiada como melhor prato feito do Brasil em um concurso promovido pela ticket no ano de 2013”, afirmou Francisco.

Sabor único

Tradicional ou não, o modo de preparo é o mesmo, segundo a especialista. “Não pode faltar é a nossa maneira muito bem cozida de sete a oito dias. As carnes e gorduras também dão o sabor especial para a maniçoba. No caso de opções vegetarianas, elas não deixam de ter sabor, mas será reduzido porque a gordura das carnes secas e defumadas vão dar, de fato, o potencialismo do sabor. Então vão ser paladares diferentes aparências diferentes, mas não deixa de ser maniçoba”, ressaltou.

A conservação do alimento no congelador é também uma prática comum e que requer atenção.  “Normalmente o paraense vai fazer aquela bela panelada de maniçoba que não acaba no Círio. Todo mundo já se prepara para os congelamentos o congelamento ideal é que seja feito em pote de vidro para evitar a liberação de bisfenol pelo plástico. Mas muitos congelam em sacos herméticos fechado ou mesmo em vasilhas plásticas. Quando congelada, essa Maniçoba vai durar por meses e até ano. Vale a pena fazer uma boa quantidade já que vai para o fogo por muito tempo então também é uma forma de economizar o gás”, concluiu a nutricionista.

Foto: Agência Belém

Alessandra Fonseca

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