Você já parou para pensar no que pode estar crescendo dentro da sua garrafinha de água? Aquela que acompanha você no trabalho, na academia e até na cama?
Pois saiba que, enquanto você se hidrata, milhões de bactérias podem estar se multiplicando silenciosamente no seu recipiente favorito.
Um estudo realizado pela Universidade Purdue, nos Estados Unidos, revelou um alerta preocupante: garrafas de água reutilizáveis podem abrigar até 2 milhões de bactérias por mililitro em apenas 24 horas.
O pesquisador Carl Behnke, um dos responsáveis pelo estudo, conta que ficou chocado ao descobrir o que saía de dentro da sua própria garrafa quando ele a limpava com papel-toalha.
“Era como se eu estivesse esfregando uma superfície suja, não um recipiente que eu usava para beber água”, revela.
O PERIGO QUE VOCÊ NÃO VÊ
A microbiologista Primrose Freestone, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, explica que o problema vai além da água parada.
“Toda vez que você leva a garrafa à boca, transfere bactérias da sua saliva para o recipiente. Se você não lava as mãos direito, pode estar levando até coliformes fecais para dentro da garrafa”, alerta.
O resultado? Risco aumentado de doenças como gastroenterites, infecções por Staphylococcus aureus e até candidíase oral.
O Dr. Igor Marinho, infectologista do Hospital São Camilo em São Paulo, relata casos de pacientes que desenvolveram problemas de saúde justamente por esse descuido.
“Já atendi pessoas com diarreia persistente que não faziam ideia de que a causa poderia ser a garrafinha de água que elas usavam todos os dias sem higienizar”, conta.
POR QUE A LIMPEZA SIMPLES NÃO BASTA
Muita gente acredita que basta enxaguar a garrafa com água para deixá-la limpa. Grande engano.
O biofilme bacteriano – aquela camada viscosa que se forma nas paredes internas – é resistente e exige mais do que um rápido enxágue.
“É como tentar limpar uma panela engordurada só com água fria. Não funciona”, compara Freestone.
A solução? Lavar diariamente com água quente (acima de 60°C) e sabão, usando escovas próprias para alcançar todos os cantos.
E atenção especial às tampas e canudos, onde os microrganismos mais se acumulam.
PLÁSTICO, METAL OU VIDRO: A ESCOLHA FAZ DIFERENÇA
Enquanto garrafas de plástico são as mais populares por serem leves e baratas, elas apresentam dois problemas graves: primeiro, arranham com facilidade, criando microfissuras onde as bactérias se escondem; segundo, podem liberar substâncias como o BPA, associado a desequilíbrios hormonais.
Já as opções em aço inoxidável ou vidro, embora mais caras, são mais seguras.
“O metal tem propriedades antimicrobianas naturais, e o vidro não é poroso, impedindo que bactérias se alojem”, explica o Dr. Marinho.
O HÁBITO QUE PODE MUDAR TUDO
A boa notícia é que a solução é simples: lavar a garrafa todos os dias com o mesmo cuidado que temos com copos e talheres. “Não adianta beber água filtrada de um recipiente sujo”, resume Freestone.
No final das contas, manter a garrafa limpa é uma questão de saúde pública tão importante quanto lavar as mãos.
Afinal, como diz o velho ditado: é melhor prevenir do que remediar – especialmente quando o remédio pode ser uma ida ao hospital devido a algo aparentemente tão inofensivo quanto sua garrafinha de água.
Fontes: BBC e Drauzio Varella