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Nos últimos anos, o medicamento Ozempic, originalmente desenvolvido para o tratamento de diabetes, ganhou popularidade como uma solução para perda de peso.
No entanto, essa fama trouxe consigo um problema inesperado: uma onda de roubos em farmácias brasileiras.
Segundo dados do governo de São Paulo, os roubos de Ozempic, Wegovy e Saxenda — medicamentos injetáveis para emagrecimento — aumentaram drasticamente.
Em 2022, houve apenas um registro de roubo, mas em 2023 esse número saltou para 18 casos, chegando a 39 em 2024, um aumento de 116,7%.
POR QUE O OZEMPIC É TÃO COBIÇADO?
O Ozempic e medicamentos similares são altamente valorizados no mercado ilegal devido ao seu alto custo e à demanda crescente por soluções rápidas para perda de peso.
No Brasil, onde a obesidade está em ascensão e a busca por um corpo “ideal” é uma obsessão cultural, esses medicamentos se tornaram artigos de luxo.
Cada caixa de Ozempic pode custar entre R$ 700 a R$ 1.100, o que facilita a revenda em mercados ilegais, especialmente em grupos de WhatsApp e Facebook.
FARMÁCIAS SOB ATAQUE
As farmácias têm se tornado alvos frequentes de criminosos. Muitas operam 24 horas por dia e armazenam os medicamentos em geladeiras com pouca segurança, protegidas apenas pelos farmacêuticos.
Wilson Martins, gerente da farmácia Farma O Imperador, relata que a pergunta mais comum que recebe é: “Você tem Ozempic?”.
Para evitar roubos, muitas farmácias independentes decidiram não estocar o medicamento, exigindo que os clientes façam encomendas pessoalmente.
A REAÇÃO DAS AUTORIDADES
Pedro Ivo Corrêa dos Santos, chefe de polícia do Departamento de Investigação Criminal do Estado de São Paulo, explica que as farmácias são alvos fáceis devido à falta de segurança adequada.
Além disso, alguns grupos criminosos têm roubado caminhões que transportam Ozempic no atacado, contando até com a participação de funcionários de empresas de transporte.
O IMPACTO NAS VENDAS E NA SAÚDE PÚBLICA
Apesar dos roubos, as vendas de Ozempic continuam em alta. No Brasil, as vendas saltaram de US$ 27,5 milhões em 2019 para US$ 621,6 milhões em 2023.
No entanto, a qualidade dos medicamentos roubados é questionável, já que o Ozempic precisa ser mantido refrigerado para manter sua eficácia.
Vários farmacêuticos alertam que, após algumas horas fora da geladeira, o medicamento pode se tornar inútil.
CELEBRIDADES E A INFLUÊNCIA NAS VENDAS
A popularidade do Ozempic também foi impulsionada por celebridades brasileiras que falaram publicamente sobre seu uso para perda de peso.
Cantores como Luiza Possi, Wesley Safadão e Jojo Todynho já mencionaram o medicamento, e até o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou ter usado Ozempic durante sua campanha em 2024, prometendo disponibilizá-lo gratuitamente.
O FUTURO DO OZEMPIC NO BRASIL
A patente da semaglutida, o princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, expira no Brasil em 2026, o que deve abrir caminho para versões genéricas e uma queda significativa nos preços.
Enquanto isso, farmácias e autoridades buscam soluções para conter a onda de roubos, desde a instalação de câmeras de segurança até a redução de estoques.
Fontes: Folha de São Paulo e Panorama Farmacêutico
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