Um olhar crítico sobre como a ginecologia impacta o meio ambiente e as iniciativas para uma prática mais sustentável.
Com o aumento da preocupação em relação às mudanças climáticas e seu impacto na saúde global, os ginecologistas estão se esforçando para desempenhar um papel positivo na redução da pegada de carbono da área. Este esforço visa equilibrar os resultados dos pacientes e as preferências dos médicos em relação às ferramentas utilizadas, enquanto se atenta para os desafios ambientais.
Desafios ambientais na ginecologia
Os sistemas de saúde são responsáveis por mais de 4% das emissões globais de dióxido de carbono, superando até mesmo a indústria da aviação. Desde as ferramentas utilizadas em exames de bem-estar até o tipo de anestesia durante a cirurgia, a ginecologia, por sua vez, não é considerada uma especialidade ecologicamente consciente.
Kelly Wright, MD, diretora da Divisão de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva do Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles, destaca que a grande pegada de carbono na área não se traduz necessariamente em benefícios para a segurança do paciente.
Desperdício na sala de cirurgia
Uma revisão liderada pelo grupo de Wright identificou as salas de cirurgia como uma das principais fontes de resíduos na ginecologia. Plásticos descartáveis, como garrafas, bacias, embalagens e cortinas, são utilizados em abundância, contribuindo para a pegada ambiental negativa.
Espéculos de aço inoxidável, reutilizáveis e mais sustentáveis, são muitas vezes substituídos por versões descartáveis, devido a preferências médicas. Noedahn Copley-Woods, MD, da Universidade de Pittsburgh, destaca a necessidade de pressionar as empresas fornecedoras para oferecerem opções reutilizáveis comparáveis.
Cirurgia robótica e desperdício
A crescente adoção da cirurgia robótica na ginecologia levanta questões sobre sua sustentabilidade. Apesar de argumentos a favor de melhores resultados para os pacientes, evidências indicam que a cirurgia robótica gera mais desperdício em comparação com procedimentos tradicionais.
Histerectomias assistidas por robótica, por exemplo, produzem 30% mais resíduos. A discussão sobre se os benefícios superam o desperdício permanece acalorada entre os profissionais de saúde.
Rumo à sustentabilidade
Iniciativas para tornar a prática ginecológica mais sustentável incluem a eliminação gradual de substâncias prejudiciais, como o desflurano, um dos gases anestésicos mais potentes em termos de efeito estufa. Além disso, a realização de procedimentos no consultório, quando possível, é apontada como uma alternativa mais sustentável.
A conscientização sobre o problema e pequenas mudanças nas práticas médicas podem fazer a diferença. Reduzir a quantidade de materiais utilizados durante a cirurgia e adotar abordagens mais sustentáveis são passos cruciais na direção do progresso.
Diante dos desafios ambientais, a comunicação aberta sobre o problema e o engajamento de médicos, hospitais e empresas fornecedoras são fundamentais para uma mudança significativa em prol da saúde do planeta e das futuras gerações.
Fonte: Medscape
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