Fungo negro: Tudo o que você precisa saber sobre a mucormicose

As notícias sobre um fungo que teria provocado a morte de quase 9 mil indianos ligaram o alerta das autoridades sanitárias em vários países. A mucormicose, popularmente conhecida como Fungo Negro, é estudada desde o século passado, mas a preocupação foi a sua possível relação com pacientes que tiveram a Covid-19. No Brasil, dos 29 casos de fungo negro registrados este ano, 4 pacientes tiveram covid. A notificação mais recente é do município de Santana do Araguaia, no sul do Pará.

Apesar do surto no país asiático, especialistas descartam qualquer possibilidade do fungo negro se espalhar pelo mundo e os motivos são bem simples de entender: o fungo circula livremente por boa parte do mundo, inclusive no Brasil, e não provoca infecção em pessoas saudáveis. A doença também não é contagiosa entre seres humanos ou animais.

O que é?

A mucormicose é uma infecção grave e muito rara, provocada pela exposição ao fungo Mucorales, geralmente encontrado no solo, plantas, esterco, frutas e vegetais em decomposição. Os pacientes imunossuprimidos, diabéticos, com câncer, HIV e outras patologias que enfraquecem o sistema imunologico, estão mais suscetíveis.

Sem a defesa adequada ao organismo, o fungo invade os tecidos após ser inalado, alcançando a mandíbula, os olhos, e o cérebro, chegando aos vasos sanguíneos. A infecção afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões, provocando dor e febre. Muitos pacientes precisam passar por cirurgias mutilantes, que retiram partes do corpo afetadas pelo micro-organismo, como os olhos. Além da necrose dos tecidos, o risco de morte dos pacientes acometidos é de 50%/70%.

Sintomas

Pacientes infectados pelo fungo negro apresentam sintomas de congestão nasal e sangramento, inchaço e dor nos olhos, pálpebras caídas, visão turva, manchas pretas na pele ao redor do nariz. Relatos médicos indicam que a maioria dos pacientes chega tarde demais para o tratamento, muitos, sem a visão. A remoção do olho afetado é o procedimento indicado para pacientes graves, a fim de evitar que a infecção chegue ao cérebro.

O diagnóstico da infecção é feito por meio da identificação do fungo nas amostras de tecido infectado. Em ocasiões raras, é preciso remover cirurgicamente o osso da mandíbula para evitar que a doença se espalhe. O tratamento da mucormicose, além da remoção do tecido morto, a injeção intravenosa antifúngica (Anfotericina B) que deve ser administrada todos os dias por até oito semanas.

Prevenção

As equipes de saúde que lidam diariamente com pacientes imunodeprimidos devem redobrar os cuidados om a higiene e a lavagem das mãos, principalmente quando vão mexer nos cateteres e demais dispositivos juntos aos leitos.

Outra estratégia eficiente é a instalação de filtros Hepa nos sistemas de ventilação das unidades hospitalares, que possuem fibras capazes de reter partículas muito pequenas – entre elas, os esporos que poderiam contaminar o organismo das pessoas mais debilitadas.

Uma terceira estratégia é lançar mão de remédios antifúngicos de forma profilática, para evitar que uma infecção oportunista apareça.

No dia a dia é importante estar atento a ventilação e umidade dos ambientes, manter a geladeira limpa, seca e livre de alimentos em decomposição. O mesmo vale para armários e despensas. Ao menor sinal de mofo, imediatamente limpar o ambiente e manter o espaço arejado, evitando assim a proliferação de fungos.

Editor

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