Assim como qualquer órgão, o cérebro precisa de cuidados, pois também pode adoecer. E uma das formas de cuidá-lo é realizando a psicoterapia, popularmente chamada de terapia, uma prática profissional tão importante quanto uma consulta de rotina, por exemplo. Os psicólogos são os profissionais responsáveis por conduzirem a sessão de psicoterapia, que é um processo focado em ajudar pessoas seja para auxiliá-las em tratamento de doenças ou para reestabelecer a saúde mental.
O que muitos não sabem é que, na psicoterapia, esses especialistas ajudam as pessoas não apenas em momentos difíceis, como acham, mas também tem um papel de compreender, analisar e entender o contexto em quem uma pessoa está inserida, e é claro, seguindo um ponto de vista científico.
A psicóloga Ana Cláudia Machado, especialista em Neurofeedback e mestranda em Neuropsicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, explica que uma sessão de psicoterapia é composta por dois agentes importantes. “O primeiro, é o setting terapêutico, ou seja, o ambiente do consultório do psicólogo que oferece conforto, segurança e acolhimento para o paciente se sentir à vontade para falar e sentir o que vier no momento da terapia. Em caso de sessões on-line, é importante que o paciente esteja em um ambiente de casa que se sinta dessa maneira também. Um momento isolado do ambiente externo, seguro e silencioso”.
Ela esclarece que o psicólogo é segundo fator. “É uma pessoa com uma escuta ativa e preparada para acolher e entender qualquer demanda, dificuldade, sentimento, despido de julgamentos e unicamente com o intuito de ajudar a pessoa. Em uma sessão de terapia, a pessoa é livre para falar desde traumas antigos, sonhos, pensamentos e até sobre como sua última refeição foi gostosa. Tudo é importante e aceito”.
Uma sessão de psicoterapia é importante para a saúde, mas a especialista esclarece que vai além disso, ou seja, também se trata de autoconhecimento e bem-estar. “Nós, psicólogos, consideramos o conceito de ‘saúde’ amplo e abrangente, ou seja, estar ‘saudável’ não significa não ter doenças ou ter ‘curado’ algum transtorno. Para nós, saúde envolve qualidade de vida, disponibilidade para se flexibilizar, entender a própria história com mais carinho e entender como ela impacta no presente e nas nossas relações. E assim, conseguir criar novos repertórios emocionais e comportamentais para lidar com as dificuldades do dia a dia”.
Segundo a psicóloga, a psicoterapias ainda é estigmatizada e que as pessoas ainda demoram para ir em busca de um especialista, no entanto, já apresenta evolução com relação a procura das pessoas pelas sessões. “Ainda se espera para procurar ajuda profissional quando a situação está grave, envolvendo muito sofrimento. Mas, é inegável o avanço significativo que fizemos desde a pandemia. Hoje a incidência de pessoas procurando pela terapia aumentou significativamente e é importante pontuarmos essa mudança de visão”.
Ana Cláudia destaca os benefícios que a terapia pode trazer as pessoas. “Ajuda o indivíduo a entender a si próprio, suas relações, sua visão de mundo e de futuro. Auxilia a visualizar novas perspectivas para as demandas do dia a dia, além de psicoeducar e auxiliar no sofrimento que envolve qualquer tipo de transtorno mental”, comenta.
Contudo, a psicóloga esclarece sobre a importância de diferenciar a relação do psicólogo-paciente com a relação médico-paciente. “O médico, dentro da relação, é a pessoa detentora do conhecimento, que irá ditar condutas que visam a cura. A reação psicólogo-paciente não, se configura como uma relação mais horizontal, em que o psicólogo está ao lado do indivíduo, oferecendo segurança para caminharem juntos para qualquer lugar que seja. O psicólogo passa a conhecer o paciente junto com ele próprio. Portanto, não está nesse lugar de sabedoria e em autoridade”, finaliza.
Por fim, a especialista acredita que, recentemente, a psicoterapia passou a ser tratada com mais naturalidade e acrescenta que se tratando de saúde mental, é necessário “não ter vergonha de falar sobre a busca por ajuda, não associar a psicoterapia à gravidade das circunstâncias, e principalmente não julgarmos quando ouvirmos essa fala de pessoas próximas”, finaliza.
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