Com o crescimento das redes sociais, os influenciadores digitais passaram a ocupar um papel central na criação de tendências e na formação de opiniões.
No entanto, a intensa exposição a um público vasto e diverso, muitas vezes repleto de críticas, pode impactar severamente a saúde mental desses profissionais.
A toxicidade do ambiente online, alimentada por haters, julgamentos e a constante pressão por perfeição, tem sido um desafio crescente para muitos influenciadores.
OS EFEITOS DAS REDES SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL
Letícia de Oliveira, psicóloga especializada em relacionamentos, explica que o uso constante das redes sociais pode levar ao desenvolvimento de transtornos de identidade.
“As pessoas compartilham apenas recortes da realidade, muitas vezes com edições e filtros, o que faz com que elas criem uma versão idealizada de si mesmas, distante de quem realmente são. Esse fenômeno pode causar sérios problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, tanto para quem consome quanto para quem cria esse conteúdo”, ressalta Letícia.
Ela também alerta para o impacto que a comparação constante com essas versões idealizadas pode causar. “Muitos se comparam com influenciadores que, na verdade, estão representando personagens. Isso gera uma pressão enorme, levando à insatisfação com a própria vida, o corpo e os relacionamentos”, complementa a especialista.
PRISCILA SANTOS: A SUPERAÇÃO APÓS O CANCELAMENTO
Priscila Santos, conhecida como a “Rainha do Reboque” nas redes sociais, com 294 mil seguidores, enfrentou de perto os desafios dessa exposição.
Cancelada em 2022, Priscila viveu uma profunda depressão e precisou se afastar das redes por dois anos.
“Quando vi que o choro era constante e o isolamento aumentava, percebi que precisava de ajuda médica. Cheguei a tomar sete medicamentos controlados por dia”, conta Priscila.
Ao retornar às redes, Priscila passou a compartilhar sua experiência com seus seguidores, destacando a importância de buscar ajuda profissional e de não permitir que a toxicidade das redes destrua seus sonhos.
“Não vale a pena discutir com haters, isso só eleva essas pessoas ao seu nível. O importante é focar em quem realmente importa e não deixar que isso afete seu humor, seus sonhos ou sua autoestima”, conclui Priscila.
NATHÁLIA ZANNIN: BLINDAGEM CONTRA OS HATERS
Nathália Zannin, ex-bailarina do Faustão e influenciadora digital, destaca que, para se proteger dos impactos negativos das redes, sempre teve cuidado para não expor demais sua vida pessoal.
“Eu nunca quis ser refém da internet. Embora eu use as redes como trabalho, busquei uma forma de blindar minha mente dos haters, evitando me comparar ou me cobrar com base no que é postado ali”, explica Nathália.
Ela reforça que a saúde mental é sua prioridade e que usa as redes para compartilhar conhecimento e positividade, evitando cair nas armadilhas da comparação.
“Cada um mostra apenas o que quer nas redes, geralmente o lado mais belo da vida. Eu foco em passar minha verdade e em fazer algo positivo para meus seguidores”, completa.
ISABELA SOLLER: A IMPORTÂNCIA DE PAUSAS E REFLEXÃO
Isabela Soller, influenciadora digital e CEO do Grupo Soller, com 38,8 mil seguidores, vê a oscilação de sentimentos nas redes como reflexo da efemeridade das conexões online.
Para ela, é fundamental reconhecer essa volatilidade e não permitir que as interações virtuais interfiram no mundo real.
“Fazer pausas regulares nas redes sociais ajuda a recarregar as energias e manter o foco no bem-estar pessoal”, sugere Isabela.
Ela também recomenda focar nas interações positivas e nas conexões que realmente importam.
“Concentrar-se nos comentários construtivos pode mudar a perspectiva e melhorar o humor, ajudando a equilibrar o impacto da toxicidade online”, finaliza.
A saúde mental dos influenciadores digitais é um tema cada vez mais discutido, e cuidar dela, seja por meio de pausas, filtros emocionais ou busca de apoio profissional, é essencial para aqueles que navegam nesse complexo mundo digital.