Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), analisou boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados brasileiros e do Distrito Federal entre 2013 e 2024.
Expondo um aumento da violência contra médicos, com um total de 38 mil boletins de ocorrência envolvendo profissionais que foram alvo de ameaças, injúrias, desacatos, lesões corporais, difamações e até mesmo suspeitas de assassinato dentro de hospitais, clínicas, prontos-socorros e consultórios.
Os dados revelam que o número de ocorrências tem aumentado ano após ano, culminando em um recorde em 2023, quando foram registrados 3.981 casos de violência contra médicos em todo o país.
Isso representa uma média de 11 ocorrências diárias, ou aproximadamente dois incidentes a cada hora.
Embora os dados completos de 2024 ainda não estejam disponíveis, as tendências indicam que o quadro pode se agravar ainda mais.
O levantamento revela que, desde 2013, o volume de registros tem se tornado cada vez mais alarmante.
Naquele ano, foram registrados pouco mais de 2,6 mil boletins de ocorrência, um número já preocupante, mas que vem sendo superado ano após ano.
As agressões variam de ameaças verbais até lesões físicas graves, com quase metade das vítimas sendo mulheres.
Ao todo, 47% dos registros são de médicas que enfrentaram algum tipo de violência enquanto desempenhavam suas funções em unidades de saúde.
Embora as capitais brasileiras também registrem altos índices de violência, a maioria dos casos ocorre no interior do país, onde foram concentrados 66% dos boletins de ocorrência.
O estudo aponta que os principais responsáveis pelos atos violentos são pacientes, familiares dos atendidos e, em menor escala, desconhecidos.
Em uma quantidade menor de casos, há registros de agressões cometidas por colegas de trabalho, como enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais da saúde.
São Paulo é o estado com o maior número de registros, concentrando praticamente metade das ocorrências nacionais, com 18 mil boletins de ocorrência no período analisado.
Os médicos paulistas vítimas de violência têm, em média, 42 anos, e 45% dos casos envolvem mulheres.
No estado, 45% dos ataques aconteceram em hospitais, especialmente em setores de pronto-socorro, UTI e centro cirúrgico.
Outros 18% ocorreram em postos de saúde, 17% em clínicas e 9% em consultórios.
O Paraná ocupa o segundo lugar no ranking de violência contra médicos, com 3,9 mil boletins de ocorrência entre 2013 e 2024.
Curitiba, a capital do estado, concentra 12% dos registros. A maioria dos casos no Paraná envolve lesão corporal, ameaças e injúrias dentro de estabelecimentos de saúde.
Minas Gerais, por sua vez, aparece em terceiro lugar, com 3.617 registros. Cerca de 22% desses casos ocorreram em Belo Horizonte.
Outros estados como o Amapá, Roraima e Amazonas também se destacam no levantamento por apresentarem um número elevado de boletins de ocorrência em relação à quantidade de médicos registrados.
No Amapá, por exemplo, foram registrados 39 casos de violência para cada mil médicos, a maior taxa proporcional entre as unidades da Federação.
Em Roraima, esse número foi de 26 BOs por mil médicos, e no Amazonas, 24. Em contraste, estados como Espírito Santo e Goiás registraram as menores taxas de violência, com dois e quatro boletins de ocorrência por mil médicos, respectivamente.
O estado do Pará também figura entre os que possuem altos índices de violência contra médicos.
Com 541 boletins de ocorrência registrados entre 2013 e 2024, o Pará aparece em 11º lugar no ranking nacional.
A maioria dos incidentes no estado envolve ameaças, injúrias e desacatos, ocorridos principalmente em hospitais e prontos-socorros.
Diante desse cenário alarmante, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reforça o pedido para que autoridades e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) tomem medidas urgentes.
A entidade exige providências para garantir a segurança dos médicos e demais profissionais de saúde dentro das unidades, tanto públicas quanto privadas.
O CFM alerta que a negligência no combate à violência pode resultar em graves prejuízos à saúde pública, além de colocar em risco a integridade física e mental dos profissionais.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, afirmou que é essencial que os gestores assegurem a proteção física dos médicos e criem um ambiente seguro para o exercício da profissão.
“A segurança dos profissionais de saúde é tão importante quanto o cuidado com o patrimônio das unidades. Sem condições adequadas de trabalho, não podemos garantir o direito fundamental à saúde, tanto na rede pública quanto privada”, declarou Gallo.
Desde 2018, o CFM vem orientando médicos sobre como proceder em situações de violência.
Em casos de ameaças, a recomendação é registrar imediatamente o boletim de ocorrência, informar as diretorias da unidade de saúde sobre o fato e, se necessário, encaminhar o paciente a outro médico, caso não seja uma emergência.
Quando há agressão física, além do BO, é importante realizar o exame de corpo de delito e comunicar o ocorrido às autoridades competentes do hospital.
O CFM também ressalta a importância de que os médicos não fiquem em silêncio diante de agressões. Denunciar os abusos é crucial para que o problema seja devidamente registrado e combatido.
Fontes: Agência Brasil e CFM
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