Alerta de Saúde: Intoxicação por Metanol e Bebidas Adulteradas  - FRONT SAÚDE

Alerta de Saúde: Intoxicação por Metanol e Bebidas Adulteradas 

O MJSP alerta que a comercialização de produtos adulterados configura crime previsto no artigo 272 do Código Penal, sujeito a reclusão e multa
Imagem: Freepik

A Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo, município em São Paulo, confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte por consumo de bebidas adulteradas por metanol. De acordo com o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do estado, até a noite do mesmo dia já foram seis casos de intoxicação confirmados, e dez estão em investigação.

As vitimas são:

  • Homem de 58 anos, morador de São Bernardo do Campo;
  • Homem de 54 anos, morador da capital paulista;
  • Homem de 45 anos. O local de residência está sendo investigado.

O advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, é a terceira morte confirmada. Ele morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos. No atestado de óbito, os médicos colocaram que o metanol foi a causa da intoxicação.

De acordo com a Sociedade Química Americana, o metanol é um solvente usado como combustível para motores e é uma matéria-prima para a fabricação de outros produtos químicos. Ele tem cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum e com aparência transparente semelhante ao de uma vodka. Quando consumido, mesmo em doses pequenas, pode levar à morte.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) informou que recebeu, por intermédio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), uma notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada.

Segundo a entidade, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir do consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. No entanto, de acordo com a notificação dada recentemente, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. 

“São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle”, diz a nota divulgada pelo MJSP.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública alertou ainda sobre os riscos que o uso do metanol ocasiona para a saúde pública, o que pode levar para intoxicações graves e potencialmente fatais, isso ocorre porque episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias.

 “Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas”, enfatiza a notificação.

O documento também ressalta que preços anormalmente baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solventes e relatos de consumidores com sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência devem ser tratados como suspeita de adulteração.

Se os estabelecimentos receberem queixas ou presencie algum dos erros citados acima, devem interromper imediatamente a venda do lote; isolar fisicamente os produtos; preservar garrafas, caixas, rolhas e rótulos como evidência; e manter ao menos uma amostra íntegra por lote para possível perícia.

Casos de intoxicação

Um desses casos de intoxicação ocorreu na Zona Sul de São Paulo, onde envolveu um grupo de amigos que comprou bebidas em uma adega. A polícia informou que as garrafas foram periciadas e foi confirmada a presença do metanol. 

O gerente da loja que vendeu  a bebida aos jovens, também foi escutado, ele disse que todos os produtos possuem nota fiscal e tem procedência, ele argumentou também que o rapaz que realizou a compra já tinha sinais de embriaguez.

Em entrevista ao Fantástico, o auxiliar de produção, Diogo Marques de Souza, relatou que acordou desesperado, pois abriu o olho e não estava enxergando nada. “Tudo preto e uma dor de cabeça muito forte”, contou o jovem na entrevista.

O caso mais grave, entre o grupo de amigos aconteceu com Rafael, que está em coma desde o dia 1° de setembro. A mãe do jovem é enfermeira, ela relatou durante a entrevista que pela análise dos exames não há fluxo sanguíneo, e acrescenta que o filho está respirando pelo ventilador e que segundo a medicina o caso é irreversível.

O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp investiga também se o caso de morte de um homem de 50 anos tem relação com o consumo de bebida adulterada.

O MJSP alerta que quem comercializa produtos adulterados comete crime previsto no artigo 272 do Código Penal, sujeito a reclusão e multa. Além disso, quem coloca no mercado produtos impróprios para consumo viola a Lei nº 8.137/1990, que protege as relações de consumo.

No Brasil, uma das principais funções do metanol é servir de matéria-prima para a produção de biodiesel. Quando consumido, mesmo em doses pequenas, pode levar à morte.

Fonte: MJSP/Fantástico/g1 São Paulo