O mercado de trabalho sempre exigiu que se produzisse constantemente e assim gerasse lucro, não importando as consequências. Mas o que os grandes conglomerados e companhias não pensaram foi nos efeitos que essa exigência em se produzir o máximo que puder causaria nos funcionários.
Exigindo constantemente uma produção maior e maior, aumentando a carga horária e não tendo um descanso físico e mental adequado, fez com que o número de pessoas afastadas do trabalho por problemas de saúde tenha aumentado.
Segundo uma pesquisa realizada pela B2P, consultoria especializada no acompanhamento e gestão de funcionários afastados por razões médicas, da It’sSeg Company, mostra que durante a pandemia, o afastamento dos funcionários era causado por doenças ligadas a musculatura, ossos, articulações, mas o que tem chamado a atenção, por transtornos mentais, o que tem prejudicado na produtividade da pessoa.
A Fundação Getúlio Vargas fez uma análise com 572 brasileiros, conduzida por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas em parceria com as empresas Talenses e Gympass, e mostrou que 43% dos entrevistados estão com sobrecarga de trabalho. “A gente percebe que o quadro com relação à saúde mental está ficando cada vez pior”, conta Paul.
Para que a pessoa possa cuidar da saúde mental e não interferir na produtividade, a psicóloga Silvia Vasconcelos especialista em Gestalt diz: “é olhar a sua qualidade de tempo, e quando falo qualidade de tempo, estou dizendo o seu limite. Ninguém é melhor que o outro, mas todos tem uma diferença em termos de quantitativo de produção. Qual é o meu tempo de produção? Tenho tranquilidade nesse tempo? Eu consigo produzir de uma forma qualitativa, ou estou apenas no modo fazer, sem ter uma qualidade.”
O estudo da Fundação mostra ainda que a pressão por resultados foi o que mais prejudicou a saúde mental dos trabalhadores, seguido por sempre estar disponível para realizar tarefas, mesmo que não tenha um tempo de qualidade de descanço.
Silva cita o que as empresas podem fazer para que a demanda não exceda e interfira na produtividade. “A empresa tem que ter o bom senso sobre o quantitativo da produção. Como é a forma de comunicação com os colaboradores? É uma comunicação que é feita na pressão? Que está presando pela qualidade emocional desse funcionário. Tem uma forma aberta de dizer com relação da questão da produtividade ou uma forma muito autoritária? Um dos pilares muito importante para a empresa, para ela não interferir, é a comunicação com o funcionário, para ter uma forma positiva, de qualidade, logo o funcionário olhando para essas questões de limites e sentimentos, ele vai conseguir produzir de uma maneira bem melhor.”
Esse ano por exemplo, a Organização Mundial de Saúde reconheceu a Síndrome de Burnout também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional como uma doença ocupacional. Segundo o Ministério de Saúde, Burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.
Com a internet, isso tem aumentado ainda mais, o imediatismo de querer produzir, produzir, produzir resultando em Burnout. A especialista diz “o humano hoje, está se colocando numa produtividade falsa, na produtividade dos cinco segundos. Precisa entender que não é um robô que tem inteligência artificial e é uma máquina. O ser humano precisa de um tempo para respirar, descansar, se alimentar. E a produtividade vem mascarada com o sucesso, mas produtividade está relacionada com qualidade emocional, qualidade de tempo, resultando em criatividade e concentração plena”.
Foto: Freepik
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