O dia das mães é uma data muito especial no mês de maio, que acabou se tornando o mês delas. E algo que devemos ficar sempre de olho, é com a sua saúde mental. Nessa reportagem teremos o depoimento da publicitária Fernanda de Andrade de 27 anos de idade e sobre como foi e como está sua saúde mental após o nascimento de sua filha que agora tem sete meses e durante a criação dela.
Você experimentou algum sintoma após o nascimento da sua filha?
F: Como eu já era uma pessoa deprimida e minha gravidez não foi planejada, tive sim depressão pós-parto. Mesmo muito cansada, eu passava dias sem dormir, não sentia prazer em fazer coisas que gostava, alguns dias só levantava da cama porque eu tinha que cuidar da minha neném, mas a vontade era de ficar deitada “para sempre”. No início, eu perdi 8kg em dez dias, chorava 24hrs por dia, não queria conversar com ninguém, me sentia extremamente culpada por coisas as vezes irreais, revivi traumas… Foi um momento doloroso.
Como você lida com o estresse na criação de sua filha?
F: Na verdade, cuidar da minha filha é a parte menos estressante da minha vida, mas minha válvula de escape é cuidar de mim. Fazer uma hidratação, drenagem linfática, sobrancelha, normalmente algo ligado a beleza e bem-estar.
Você sentiu que tinha apoio da sua família e amigos para lidar com questões de saúde mental?
F: De certa forma sim. Mesmo que eles tenham feito algumas coisas que me deixaram mais triste e ansiosa.
Como você acha que a sociedade vê as mães que sofrem de problemas de saúde mental pós-parto?
F: Acho que a nossa sociedade, principalmente as pessoas mais velhas ainda precisam melhorar muito nesse quesito, normalmente as pessoas “não ligam” para a mãe puérperia, além de não cuidar delas, muitas vezes fazem comentários que machucam e prejudicam ainda mais a saúde mental.
Que conselho você daria a outras mães que estão lidando com problemas de saúde mental?
F: Procurem ajuda! Sério mamães, as vezes a gente desabafa com amigos ou familiares, mas, o máximo que eles podem fazer é nos escutar, e as vezes a gente também nem se sente confortável em falar o que a gente sente para ninguém do nosso ciclo. Eu por exemplo, não gostava de falar nada porque ninguém estava passando pelo mesmo que eu. A terapia me ajuda muito nesse sentido, além de poder desabafar, a gente cuida de fato do problema.
E a terapia de fato, é um dos meios de se ajudar na saúde das mães. A psicóloga clínica Layla Orjanna, também é mãe de uma menina, de dois anos e meio, é a nossa convidada para orientar e esclarecer algumas coisas sobre o que podemos fazer.
Como a psicologia pode ajudar as mães que estão passando por questões de saúde mental?
L: A psicoterapia pode auxiliar a mãe a entrar em contato com as suas dores, com aquilo que ela mais luta ou evita dentro de si para poder dar conta da realidade. Para poder ser mãe. A única mãe que ela pode ser, com todas as suas limitações e sofrimento. Entrar em contato com as nossas dores, com respeito, cuidado e profissionalismo que a terapia proporciona, é o primeiro passo de muito caminhar terapêutico e muitas outras formas de ajuda e cura que podem surgir na relação entre terapeuta e paciente/cliente. Entretanto, infelizmente nem todos têm condições de fazer psicoterapia, então a saúde mental como saúde coletiva precisa também ser priorizada.
Quais são as principais causas de estresse e ansiedade para as mães que criam seus filhos?
L: Vários fatores podem influenciar significativamente o estresse e a ansiedade na maternidade, porém, a falta de rede de apoio, relação familiar, a sobrecarga de tarefas, dificuldades econômicas/sociais e o sentimento de culpa são os mais comuns.
Como mães podem ajudar outras mães que estão passando por questões de saúde mental?
L: Conseguir se vulnerabilizar e compartilhar suas vivências, aflições, sofrimentos com outras mães e ao mesmo tempo ser rede de apoio quando necessário. Acolher sem julgamento, buscar ter uma escuta ativa e não punitiva. Sempre que possível, perguntar e se interessar genuinamente em saber como a outra mãe está, pois existem muitas pessoas que têm dificuldade em iniciar uma conversa compartilhando um sofrimento ou uma dificuldade.
E por último, que conselho você daria para as mães que estão lidando com problemas de saúde mental durante a criação dos filhos?
L: Olhar para si não é egoísmo, é um ato de amor. Para que você possa cuidar do outro é preciso que você tenha comportamentos em direção aos seus valores, ao seu autocuidado. Não é ser uma pessoa 100% saudável, sem sofrimentos ou defeitos. É estar disposta a se conhecer, se cuidar na medida do possível, saber seus limites e como lidar com eles. Então se você, mãe, está apresentando sintomas de sofrimento mental, busque ajuda, compartilhe com alguém confiável e/ou busque ajuda de um profissional da saúde.
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