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Lucília Pereira, de 64 anos, nunca imaginou que a pandemia de COVID-19 seria o ponto de virada em sua vida. Em 2020, ao ser diagnosticada com o vírus, ela descobriu que também estava com leucemia.
“A pandemia salvou minha vida, porque não sentia nada, nunca poderia imaginar que estava com uma doença grave”, relembra.
Após 10 dias internada para tratar a COVID-19, Lucília iniciou a quimioterapia, mas os efeitos colaterais foram tão intensos que ela chegou a ser entubada.
“Em julho, um mês depois, eu praticamente ressuscitei, com 20 quilos a menos, e pude retomar a quimioterapia até a leucemia entrar em remissão”, conta.
O TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA E A VITÓRIA SOBRE A DOENÇA
Com a leucemia em remissão, os médicos recomendaram que Lucília iniciasse a busca por um doador de medula óssea.
Com uma família grande, de dez irmãos, ela conseguiu identificar dois doadores compatíveis.
O transplante foi realizado em abril de 2021, e a medula “pegou” em 10 de maio. “Já estou me preparando para comemorar um ano de cura, hoje a minha medula é 100% formada pelas células que recebi do meu irmão, estou bem”, comemora Lucília.
O QUE É LEUCEMIA?
A leucemia é um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue, comprometendo o sistema de defesa do organismo.
As células alteradas passam a se multiplicar rapidamente e morrem menos do que as células normais, substituindo as células saudáveis da medula óssea. Isso deixa o organismo predisposto a infecções, anemia, hemorragias e outros problemas.
A medula óssea, popularmente conhecida como tutano, é responsável pela produção dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Quando uma dessas células sofre uma mutação, o câncer se inicia.
TIPOS DE LEUCEMIA E FATORES DE RISCO
Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo as mais comuns a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia linfoide aguda (LLA).
A doença pode se manifestar de forma aguda ou crônica, dependendo dos glóbulos brancos afetados.
A leucemia não escolhe idade, mas o risco aumenta com o avanço da idade. A leucemia linfoide aguda é mais comum em crianças, enquanto as outras formas são mais frequentes em idosos.
A doença é o câncer mais comum em crianças e adolescentes, representando cerca de 28% dos casos.
SINAIS E SINTOMAS DA LEUCEMIA
Os sintomas da leucemia podem ser confundidos com os de doenças mais comuns, como a gripe.
Entre os sinais mais frequentes estão anemia, fraqueza, cansaço, sangramentos nasais e nas gengivas, manchas roxas e vermelhas na pele, gânglios inchados, febre, suores noturnos, baixa imunidade, perda de peso, desconforto abdominal e dores nos ossos e articulações.
Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE
Segundo a hematologista Iê Bentes Fernandes, do Centro de Tratamento Oncológico, a detecção precoce é a melhor estratégia para combater a leucemia.
“Como não há fatores de risco bem definidos, a melhor estratégia é a detecção precoce da doença, por meio dos sinais e sintomas suspeitos”, explica.
O principal exame para confirmar a suspeita de leucemia é o hemograma, que verifica o aumento do número de leucócitos. A confirmação do diagnóstico é feita por meio do exame da medula óssea (mielograma).
AS CHANCES DE CURA E A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO
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A hematologista Camila Marca destaca que, apesar de ser uma doença grave, a leucemia tem altas chances de cura, especialmente quando diagnosticada precocemente.
“O resultado positivo no tratamento é alto. A leucemia tem chances de cura de cerca de 90% na maioria dos casos”, afirma.
No entanto, o diagnóstico tardio ainda é um dos principais desafios, levando a um alto índice de mortalidade.
Em 2022, o Atlas da Mortalidade por Câncer registrou mais de seis mil mortes por leucemia no Brasil, o que representa cerca de 53% dos casos.
FEBEREIRO LARANJA: MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO
Fevereiro foi escolhido como o mês de conscientização sobre a leucemia, para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
Em 2025, estima-se que mais de 11 mil novos casos da doença sejam registrados no Brasil, com 360 apenas no Pará.
A campanha Fevereiro Laranja busca informar a sociedade sobre os sinais e sintomas da leucemia, além de incentivar a doação de medula óssea, um gesto que pode salvar vidas.
A MENSAGEM DE LUCÍLIA PARA A SOCIEDADE
Lucília Pereira hoje celebra sua vitória sobre a leucemia e deixa uma mensagem de esperança para quem enfrenta a doença.
“A cura é possível, mas é preciso estar atento aos sinais do corpo e buscar ajuda médica o mais rápido possível”, diz.
Sua história é um exemplo de superação e resiliência, mostrando que, mesmo diante de desafios tão grandes, é possível vencer.
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