O caso da jovem Isadora Albanese, de 18 anos, que morreu por complicações ocorridas após a extração do chamado dente do siso, chama atenção para o procedimento.
Conhecidos como dentes do juízo, os terceiros molares são os quatro últimos dentes permanentes a nascerem e costumam aparecer entre os 15 e 20 anos de idade. Em alguns casos, podem ficar escondidos sob a gengiva e só são identificados por meio de exames de imagem.
Nem todo mundo tem um ou mesmo todos os dentes do siso. Isso acontece porque algumas pessoas nascem sem a base do dente, o que faz com que ele não se forme.
Extrair os dentes do siso não é uma regra. Em alguns casos eles podem ser mantidos. É possível conviver com eles se houver espaço suficiente para acomodar os quatro dentes “extras” sem causar prejuízos ao sorriso ou à saúde bucal.
Se não houver espaço suficiente na boca para acomodá-los, podem ocasionar o desalinhamento dos outros dentes e alterações na mordida. Nesse caso, a extração é indicada.
A jovem Isadora Albanese morreu no final de abril, no interior de São Paulo, e a família criou um perfil no Instagram para coletar assinaturas para uma petição. No entendimento da família, é necessário criar um protocolo para o procedimento de extração do dente do siso. O pedido, que já obteve quase 60 mil assinaturas, foi entregue ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo.
Marcelo Folha, presidente do Conselho Regional de Odontologia do Pará (CRO-PA) faz esclarecimentos na mesma linha do posicionamento do CRO-SP. “Os conselhos não têm, em suas atribuições, determinadas pela Lei 4118/64, a função de criar protocolos para procedimentos odontológicos. Cabe aos conselhos apurar denúncias e fazer fiscalizações”, explica.
É necessário estabelecer uma norma única, uma espécie de protocolo, para a extração do dente do siso? “A Odontologia possui diversos protocolos. Todos fundamentados na Ciência, preconizados na literatura odontológica e utilizados nos cursos de graduação, pós-graduação e especialização da Odontologia. O Conselho de São Paulo acolheu o pedido da família da jovem e está investigando o caso, mas é preciso avaliar a situação, ao mesmo tempo, com rigor e bom senso”, destaca Marcelo Folha.
Riscos
A extração do dente do siso é uma cirurgia e, como tal, deve envolver uma série de cuidados. As infecções dentárias podem ultrapassar a camada óssea, chegar ao músculo e se espalhar para outras partes do corpo. O cirurgião-dentista Marcelo Folha, presidente do CRO Pará, destaca que o ideal é que o dente do siso (ou mais de um) seja removido antes de ter a raiz totalmente formada, o que ocorre, normalmente, antes dos 18 anos.
Além de risco de sangramento e infecções, inerentes a qualquer cirurgia, a extração do siso pode apresentar outras complicações.
No caso dos sisos superiores, pode haver um comprometimento da comunicação entre a boca e o seio maxilar, que forma a cavidade nasal. No caso dos sisos inferiores, há riscos de fratura de mandíbula, lesão a nervos, sobretudo em casos de raízes bem desenvolvidas.
Cuidados – A extração do siso é uma cirurgia invasiva que requer cuidados antes e depois do procedimento. É importante que o cirurgião-dentista levante todo o histórico de doenças do paciente e avalie a necessidade de exames de sangue e radiografia – independentemente da idade.
“É preciso que o profissional conheça o histórico de saúde bucal do paciente no pré-operatório. O profissional deve saber que doenças o paciente apresenta, que possam baixar sua imunidade”, alerta Marcelo Folha.
O pós-operatório também possui detalhes importantes: o paciente tem que evitar esforço físico, ter cuidado com a higiene da boca, alimentação fria – líquida ou pastosa e é preciso seguir à risca a medicação prescrita. “Após o procedimento, o profissional deve prestar atenção nas queixas do paciente sobre dor, edema e infecções”, alerta Marcelo Folha.
Os sinais de complicações após a remoção são: aumento da dor ao longo dos dias, febre, dificuldade para comer ou falar e prostração (fraqueza).
Marcelo Folha lembra que a boa realização da extração do siso é um trabalho conjunto e depende tanto do paciente quanto do profissional. “É uma responsabilidade compartilhada. O paciente precisa entender que não é um procedimento banal, procurar um profissional com capacidade e seguir rigorosamente aquilo que for orientado. E o profissional deve assumir a responsabilidade dele de acompanhar e estar à disposição do paciente até que haja total cicatrização”, conclui.
*Com informações da assessoria de imprensa
Foto: Arquivo pessoal
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