No final de janeiro, a apresentadora e atriz Giovanna Ewbank revelou em um episódio do seu podcast, que seu filho Bless de 08 anos, foi diagnosticado com Transtorno de Processamento Sensorial (TPS). Ela relatou que durante a pandemia, seu filho apresentava alguns comportamentos. Ficava sensível ao toque, como quando pisava na grama, ao sentir o cheiro da cebola cortada na cozinha, ou até mesmo aos sons dos insetos na mata.
Preocupada que o filho tivesse algum grau do Transtorno do Espectro Autista, ela e o marido, o ator Bruno Gagliasso, o levaram para alguns médicos, mas que disseram que ele não tinha nenhum sinal de autismo, até que encontraram uma médica em São Paulo que o diagnosticou com TPS. Mas o que seria o Transtorno de Processamento Sensorial?
Segundo a terapeuta ocupacional Marcela Lima com certificação internacional em integração sensorial pela Universidade do Sul da Califórnia, TPS ou Disfunção de Processamento Sensorial (DIS), consiste na dificuldade em utilizar a informação sensorial recebida pelos sentidos para conseguir funcionar eficientemente nas atividades do dia a dia, impactando na rotina e desempenho ocupacional.
Esse tipo de resposta que o corpo tem acontece em todas as fases da pessoa, seja na sua infância ou na vida adulta. “É uma disfunção resultante da forma como o sistema nervoso recebe, interpreta e responde ao processamento da integração sensorial dos 8 sentidos que sao audição, visual, olfato, paladar, tato, vestibular, propriocepção e interocepção”, explica Marcela.
A terapeuta cita que são muitas as características manifestadas, pois estão relacionadas com o comportamento durante o desenvolvimento da pessoa. Por isso que geralmente, isso pode ser mais perceptivo durante a infância, podendo começar ainda quando é um bebê.
Em geral, as características são:
- Sensibilidade a luz e sons altos;
- Dificuldade em permanecer sentado, reagir aos sons e concentração nas atividades escolares;
- Déficit no ajuste da postura, adoção de posturas inadequadas, quedas (podem parecer desastradas), dificuldade na escrita e no uso do objeto;
- Podem responder sensorialmente a tudo e não haver vontade em brincar, como o faz-de-conta;
- Atraso na linguagem e dificuldade em falar;
- Incômodo com certos tipos de roupa;
- Ser seletivo na escolha dos alimentos por textura, cheiro, sabor, cor;
- Ter hábitos de higiene, como cortar unhas e cabelo, escovar os dentes, banho;
- Dificuldade em lidar com a imprevisibilidade das atividades sociais.
Se a criança demonstra tais comportamentos de sensibilidade, é aconselhado levar para um profissional para que possa fazer uma avaliação na abordagem da Integração Sensorial de Ayres. “O diagnóstico e o tratamento da disfunção sensorial são feitos única e exclusivamente pelo terapeuta ocupacional e depende de um processo avaliativo que segue protocolo específico com base nas evidências científicas, seguindo princípios da neurociência”, conta a profissional.
Os tipos de disfunções sensoriais que podem ser diagnosticados são:
- Modulação, que são problemas de reatividade sensorial que afeta o alerta (excitação) com impacto no aspecto emocional, como defensividade tátil e insegurança gravitacional;
- Discriminação, é a dificuldade em interpretar a informação sensorial de forma eficaz e problemas motores;
- Problemas motores, posturais e dispraxia, que podem impactar sobre as estratégias de regulação afetando as funções já estabelecidas e habilidades motoras.
Marcela lembra que o tratamento é direcionado de acordo com o tipo de disfunção definido no processo avaliativo, “o objetivo principal é proporcionar respostas adaptativas, desenvolvendo habilidades mais complexas, tendo melhor processamento sensorial e, assim, possibilitar respostas mais adequadas no dia-a-dia”.
Durante uma entrevista ao programa Fantástico em que falava das características do seu filho, Giovanna fala que após o diagnóstico, Bless fez um tratamento durante três anos, e que ele já consegue ter uma vida mais tranquila e poder se divertir sem incômodos.
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