Continuando com as matérias para o Janeiro Branco, desta vez falaremos sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático, conhecido como (TEPT). A Sociedade Brasileira de Clínica Médica define TEPT como um sofrimento psíquico que a pessoa passa devido à exposição a uma experiência traumática que ela tenha vivenciado. Geralmente a pessoa vivenciou, assistiu, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais situações negativas envolvendo um sofrimento real ou uma situação ameaçadora na qual a pessoa pode reagir com intenso medo, impotência ou horror.
“Ele é desencadeado por um conjunto de sinais, sintomas físicos e psíquicos daquele evento específico. Quando essa pessoa se lembra ou algo faz ela recordar daquele momento, ou ela revive, ou ela vê alguém que se parece com aquele agente estressor ou causador. Ela revive aquela mesma dor, então isso gera ansiedade, choro, medo, desespero. Essas alterações neurofisiológicas e mentais voltam como se tivesse ocorrendo novamente aquele evento”, explica a psicóloga e neuropsicóloga Roberta Rios.
A psiquiatra Sofia Cunha especialista em Psiquiatria Adulta comenta que mulheres são mais acometidas do que os homens. De 5% nos homens e 10 % nas mulheres. Esse tipo de transtorno pode acometer em qualquer idade a partir do primeiro Ano de vida e por vários fatores, mas que os sintomas devem ter duração de pelo menos um mês para se ter um diagnóstico.
“Existem vários componentes envolvidos (não existe uma única causa), podemos considerar que existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença: como a vulnerabilidades individual, genética (mulheres e acometidas de forma precoce pelo trauma), ambientais (status sócio econômico mais baixo, exposição anterior ao trauma, adversidades na infância) e o meio em que vive”, cita a psiquiatra.
Sofia conta que mesmo que tenha sintomas um pouco parecidos com o Transtorno do Pânico, eles ainda assim se diferenciam. “No TEPT há um trauma desencadeando o transtorno. É uma doença muito complexa, pois há alterações comportamentais, biológicas/corporais e cerebrais importantes que afeta até a forma do indivíduo de se relacionar com o meio e interpretar o meio. São sintomas mais constantes. No transtorno do pânico são em episódios, crises recorrentes e sem causa aparente, sem um trauma desencadeante”.
Os sintomas mais frequentes são:
- Lembranças intrusivas;
- Reações dissociativas (flashbacks, que são revivências);
- Sonhos em relação ao trauma;
- Estado de alerta frequente;
- Evitação a situações que lembrem o evento traumático;
- Problemas com sono;
- Problemas de concentração;
- Comportamento imprudente ou autodestrutivo.
Esse transtorno pode gerar outras doenças como depressão, ansiedade e até abuso de substâncias, como drogas ou álcool. Por isso é necessário o tratamento, “muitas vezes é necessário o tratamento psiquiátrico com medicação aliado à psicoterapia. Muitas vezes são ansiolíticos que são usados, porque a ansiedade é um dos sintomas mais frequentes e mais intensos” afirma a psicóloga.
A médica cita que o reconhecimento precoce e o tratamento adequado nas fases iniciais são fundamentais para a recuperação do quadro. Já que pode causar incapacidade funcional (ocupacional, social, laboral), “não sair mais de casa devido à gravidade das dos sintomas evitativos. Apresentar vários prejuízos de relacionamentos devido a irritabilidade, reação de sobressalto exagerada e revivência”.
Roberta enfatiza o tratamento para o transtorno, “com o tratamento tanto psicoterápico quanto medicamentoso, a tendência é que esses sintomas diminuem, tem uma remissão, e às vezes tem uma remissão inclusive total de sintomas. Então é importante demais o tratamento”.
Como no caso do Transtorno do Pânico, o Sistema Único de Saúde (SUS) também fornece tratamento nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), centros de ensinos (como faculdades públicas e particulares que apresentam serviços de saúde mental), no Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) e atendimento de menor complexidade pode ser gerenciados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
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