Eu sou uma farsa? Entenda mais sobre a Síndrome da Impostora, relatada por Michelle Obama   - FRONT SAÚDE

Eu sou uma farsa? Entenda mais sobre a Síndrome da Impostora, relatada por Michelle Obama  

“Um sentimento de insegurança e desqualificação acerca das próprias habilidades e conquistas”, é o que revela a psicóloga Ana Cláudia Machado sobre a Síndrome da Impostora, assunto que tem se tornado cada vez mais centro de novas discussões. Famosas como Michelle Obama, Juliette, Bruna Marquezine, Natalie Portman e Flávia Alessandra são algumas mulheres que revelaram enfrentar essa síndrome.  

Segundo a especialista, apesar de muito pesquisada, ainda não é uma síndrome reconhecida como transtorno mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “É uma convenção que tem sido reconhecida como um fenômeno que possui os mesmos traços e sintomas que trazem sofrimento em uma parcela significativa da população”, afirma.  

Sintomas  

A psicóloga pontua alguns sinais da síndrome: 

  • Ansiedade;  
  • Dúvidas;  
  • Insegurança quanto as próprias capacidades;  
  • Práticas de autossabotagem;  
  • Dependência de aprovação externa;  
  • Desqualificação de conquistas pessoais como ‘sorte’ e oportunismo.  

De acordo com a especialista, essencialmente mulheres sofrem com a síndrome da impostora, em ambientes acadêmicos ou profissionais.  

A síndrome da impostora tem cura? 

Ana Cláudia explica que a “cura”, no sentido usado para doenças físicas, é diferente dos fenômenos psíquicos. “Pessoas podem aprender a lidar com suas dificuldades emocionais, podem não as sentir ou podem simplesmente não serem mais reféns delas. Não existe uma receita de bolo, mas sim, pessoas podem sofrer de síndrome da impostora por um período da vida, e eventualmente em outros períodos, não”, esclarece.  

Ela reforça que a autossabotagem faz parte da síndrome da impostora. “Um dos principais resultados da síndrome da impostora acaba sendo a autossabotagem, pois o indivíduo tem tanto medo de decepcionar ou frustrar seu ciclo afetivo que acaba tomando atitudes que acabam incorrendo justamente no que tenta prevenir, destaca.  

A psicóloga enfatiza que é possível amenizar os efeitos dessa síndrome. “Primeiro, entender que primordialmente a síndrome é resultado da manutenção de um sistema patriarcal no qual tudo o que está relacionado à mulher ser considerado inferior, especialmente se comparadas aos homens, que podem exercer as mesmas funções sem terem suas habilidades frequentemente questionadas”, ressalta.  

“Segundo entender que esse fenômeno ocorre com outras pessoas. Buscar ajuda e conversar, falar sempre sobre suas dificuldades e vulnerabilidades. Olhar para o problema de frente e não o ignorar”, afirma.

Por fim, a especialista lembra sobre a importância de um acompanhamento com um especialista para esse processo. “A psicoterapia é essencial para que a pessoa consiga lidar com seus próprios processos, trabalhar a relação com a autoestima, autoavaliação e autoconhecimento para sair deste espiral de sofrimento e autossabotagem”, conclui.