“Foi um momento super difícil, e eu não acreditava que aquilo estava acontecendo com a minha filha”. É o que conta a autônoma Renata Arcoverde, após ter recebido, em 2017, a notícia de que sua filha Malu Costa, hoje com 9 anos, estava com meningite meningocócica, aos 4 anos de idade.
“Ela teve sintomas comuns, mas devido o rebaixamento do nível de consciência e manchas na pele, suspeitou-se”, comenta Renata quanto aos sinais que a filha teve à época.
Segundo o Ministério da Saúde, a meningite é a inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser causada por bactérias, fungos, vírus e parasitas.
No Brasil, a doença é considerada endêmica, ou seja, é esperada todos os anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, entre 2007 e 2020, foram notificados 393.941 casos suspeitos de meningite, e 265.644 casos foram confirmados, sendo a meningite viral mais frequente (121.955 casos), seguida pela bacteriana (87.993 casos). Destas, as mais frequentes foram: meningites por outras bactérias (40.801 casos) e doença meningocócica (26.436 casos); meningite pneumocócica (14.132 casos); meningite tuberculosa (4.916 casos) e meningite por H.influenzae (1.708 casos).
Malu teve a meningite meningocócica, causada pela bactéria neisseria meningiditis, considerada do tipo que pode evoluir para quadros críticos rapidamente.
A infectologista Lorena Martins, que atua no Hospital Adventista de Belém, afirma que a meningite do tipo meningocócica pode deixar sequelas, e em alguns casos, ocasionar a morte. “A doença meningocócica é extremamente grave quando não diagnosticada e tratada precocemente. Porém, mesmo tratando, há a possibilidade cerca de 10-15% dos sobreviventes ficarem com sequelas permanentes, por exemplo, perda da audição, alterações neurológicas ou até mesmo amputação de membros. Quando não tratada pode levar ao óbito”, afirma a médica.
Segundo a infectologista, a meningite meningocócica não acomete apenas crianças, também pode atingir outro público. “É uma doença que pode acontecer tanto em crianças quanto adultos, uma vez que o contágio dela se dá de pessoa a pessoa, principalmente em locais que há aglomeração, a exemplo: creches, escolas”, pontua a especialista.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a meningite causada por infecção bacteriana causa aproximadamente 250 mil mortes por ano e pode ocasionar epidemias que se propagam rapidamente.
Tratamento
Segundo a infectologista, o tratamento para a doença “é feito a nível hospitalar, internado para realização de antibiótico endovenoso e suporte clínico”, detalha.
Vacinação
Uma das formas de prevenção contra a doença é a vacina, cuja a adesão caiu nos últimos anos no Brasil. A meta de vacinação preconizada pelo Ministério da Saúde é 95%, porém, a campanha nacional de multivacinação deste ano chegou atingiu apenas 52,08%, considerada a pior desde 2018, e, por isso, a pasta resolveu prorrogar a campanha até o fim do mês e outubro.
“É uma doença imunoprevenível, ou seja, existe vacina tanto na rede pública (meningococo C conjugada) e na rede privada (A, B, C, W e Y), para isso é necessário seguir o calendário vacinal. Importante frisar que os adultos também podem fazer essas vacinas”, esclarece a médica.
Diagnóstico
A especialista ressalta sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. “Quanto antes você diagnosticar, mais precoce é iniciado tratamento adequado com antibiótico, e a chance de recuperação e cura acontecer”, destaca.
Superação
Renata relembra o quanto o processo foi turbulento no início, mas ao mesmo tempo, comemora sobre a cura de Malu, que não ficou com nenhuma sequela da doença. “Ela já estava na urgência, foi internada e monitorada. A internação durou 10 dias, mas os dois primeiros dias foram críticos, depois foram melhorando. Ficou curada sem nenhuma sequela! Não precisa fazer tratamento nenhum. Foi um milagre de Deus”, afirma.
Deixe uma resposta