Burnout afeta saúde sexual de 30% dos trabalhadores - FRONT SAÚDE
Foto de um jovem empresário parecendo estressado enquanto trabalhava até tarde em um escritório Por YuriArcursPeopleimages
Foto de um jovem empresário parecendo estressado enquanto trabalhava até tarde em um escritório Por YuriArcursPeopleimages

Burnout afeta saúde sexual de 30% dos trabalhadores

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Foto de um jovem empresário parecendo estressado enquanto trabalhava até tarde em um escritório Por YuriArcursPeopleimages

Dr. Paulo Egydio alerta que excesso de trabalho pode afetar o organismo, inclusive o desempenho sexual masculino

No Abril Verde, mês dedicado à conscientização sobre saúde e segurança no trabalho, o alerta para a Síndrome de Burnout ganha ainda mais força.

Caracterizada pelo esgotamento físico e mental relacionado ao trabalho, a condição atinge 30% dos homens brasileiros, segundo levantamento da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMT) em parceria com a International Stress Management Association (ISMA). 

Nos últimos anos, o número de casos vem crescendo de forma alarmante, refletindo o impacto da pressão e da sobrecarga na rotina profissional.

Os dados colocam o Brasil como o segundo país com maior incidência, atrás apenas do Japão. Quando não tratada, a síndrome pode gerar impactos consideráveis na vida pessoal, inclusive na saúde sexual.

O QUE É A SÍNDROME DE BURNOUT E QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

A Síndrome de Burnout está associada ao esgotamento extremo provocado por situações desgastantes no ambiente de trabalho.

A condição é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, justamente por estar diretamente ligada à atividade profissional.

De acordo com o Dr. Paulo Egydio, PhD em Urologia, a síndrome compromete a produtividade e pode desencadear diversos problemas de saúde, incluindo alterações na função reprodutiva.

“Fatores como jornadas exaustivas, falta de apoio e ambientes repletos de pressões e conflitos podem ativar prolongadamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, elevando os níveis de cortisol e interferindo na produção de hormônios sexuais. Esse desequilíbrio pode ter implicações na função reprodutiva e na saúde de maneira geral. Portanto, é essencial buscar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, fortalecer os laços de apoio e adotar práticas de autocuidado e resiliência para mitigar esses efeitos”, alerta o médico.

Os sintomas envolvem cansaço físico e mental persistente, sensação de fracasso, alterações de humor, insônia e dificuldades de concentração.

Também podem surgir dores musculares, problemas gastrointestinais e queda na imunidade.

Com o tempo, o indivíduo pode desenvolver apatia, distanciamento emocional e baixa autoestima, afetando tanto seu desempenho quanto suas relações pessoais.

O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, com base em entrevistas clínicas e análise do histórico do paciente.

COMO A CONDIÇÃO AFETA A SAÚDE SEXUAL?

Devido ao desequilíbrio hormonal provocado pelo estresse, o Burnout pode afetar diretamente a saúde masculina. Além da queda no desejo sexual.

O analista de sistemas, Bruno Freitas relata como o burnout impactou sua saúde: “Hoje consigo lidar melhor com meu emocional, mas nem sempre foi assim. Durante um período de muito estresse e sobrecarga, percebi que o burnout afetava profundamente minha saúde mental e minha vida pessoal. Meu convívio dentro de casa, com meu parceiro, foi diretamente impactado. Eu chegava exausto, sem energia para conversar ou compartilhar momentos simples”, explica.

“O desânimo e o cansaço tomaram conta a ponto de eu me sentir esgotado mesmo nos momentos de descanso. A intimidade e o diálogo também foram comprometidos. Foi então que percebi que precisava fazer algo por mim: pedi demissão para preservar minha saúde e minha qualidade de vida. Só depois dessa decisão comecei a recuperar o equilíbrio e a me reconectar com quem eu amo”, conclui Bruno.

O organismo responde ao estresse por meio do mecanismo conhecido como “luta ou fuga”. O processo interfere na circulação sanguínea, o que pode provocar dificuldades de ereção e outros sintomas associados.

“Esse mecanismo, aliado a alterações hormonais que reduzem a testosterona, pode impactar a função sexual. Sinais dessa condição incluem dificuldade constante em manter a ereção, ansiedade excessiva sobre o desempenho e diminuição do desejo sexual. É importante tratar o estresse com técnicas de relaxamento e buscar acompanhamento médico para um manejo adequado”, explica o especialista.

DISFUNÇÃO ERÉTIL TEM RELAÇÃO DIRETA COM A SAÚDE MENTAL

A disfunção erétil é caracterizada pela dificuldade de manter uma ereção durante o ato sexual.

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 52% dos homens já enfrentaram esse problema em algum momento da vida.

As causas podem ser físicas, como lesões e doenças cardiovasculares, mas também estão relacionadas a fatores emocionais, como ansiedade, depressão e, como destacado, a Síndrome de Burnout.

“O excesso de trabalho pode levar à diminuição da testosterona e ao aumento do cortisol, impactando negativamente a saúde sexual. Para combater esses efeitos, recomendo estabelecer uma rotina equilibrada com pausas regulares e exercícios físicos, que ajudam a manter o equilíbrio hormonal. Técnicas de relaxamento, como meditação e mindfulness, também são fundamentais para gerenciar o estresse, assim como uma alimentação saudável e, quando necessário, o acompanhamento médico e psicológico para intervenções específicas”, conclui o médico.

Nesses casos, o acompanhamento psicológico pode ser uma alternativa.

PRÁTICAS PARA REDUZIR O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Prevenir a Síndrome de Burnout exige o estabelecimento de limites entre a vida profissional e pessoal. Equilibrar a rotina com momentos de descanso, lazer e convívio social é essencial para evitar o acúmulo de estresse.

Além disso, manter uma alimentação equilibrada e priorizar noites de sono de qualidade são hábitos que fortalecem o corpo e a mente diante das pressões do dia a dia.

De modo geral, a prevenção passa por atitudes de autocuidado, atenção à saúde mental e uma rotina mais saudável.

Vale ressaltar que apenas um médico pode realizar uma avaliação completa. Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a consulta com um profissional.