O conflito de Israel contra a organização política/militar Hamas, piorou desde o dia 07 de outubro, quando a própria organização assumiu a autoria de um bombardeio que matou mais de mil pessoas, a maioria palestina. Desde então, segue ataques que continuam ferindo e matando pessoas na região da Faixa de Gaza.
Mas o que acontece com as pessoas que sobrevivem a esse tipo de conflito? Como fica a saúde mental delas durante e após um período de guerra? A Sociedade Brasileira de Psicologia fala que entre as inúmeras consequências de um conflito como a de Israel ou até mesmo da Ucrânia, os danos na saúde mental dos sobreviventes, sejam eles militares que participaram ativamente ou civis que estavam no meio do conflito, são as mais graves, podendo desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ou síndrome pós-traumática, entre outros.
Conversamos com a psicóloga Jesiane Calderaro para compreender a complexa situação da saúde mental das pessoas que vivenciam a guerra em regiões como Israel e Ucrânia. Ela destaca que o tema do trauma tem sido objeto de estudo ao longo da história, especialmente no campo da psicanálise, psicologia e psiquiatria. Atualmente, a exposição constante a eventos traumáticos, como conflitos armados, desastres naturais e atos de violência, tem colocado um peso considerável sobre a saúde mental das pessoas.
Atualmente, Jesiane diz que situações potencialmente traumatogênicas (eventos ou experiências que causam um impacto negativo e duradouro na vida de uma pessoa), como as guerras entre Rússia e Ucrânia, e Israel e o Hamas, têm um impacto devastador devido à sofisticação tecnológica envolvida. Mesmo aqueles que não estão diretamente envolvidos nessas guerras podem sentir a angústia, vulnerabilidade e insegurança devido à exposição constante às imagens e notícias. Essa intensa exposição ressalta a importância do tema da saúde mental.
A psicóloga também discute o impacto psicológico imediato de viver em uma zona de guerra, onde a sensação de vulnerabilidade constante, a falta de recursos básicos, e a imprevisibilidade da vida afetam profundamente as pessoas. Abandonar suas casas em busca de segurança significa deixar para trás parte de sua identidade e história. Os traumas da guerra não se limitam apenas ao espaço físico, mas também afetam as memórias e emoções das vítimas.
Jesiane menciona a interpretação de Sigmund Freud sobre as consequências da guerra, ressaltando como ela destrói vidas, esperanças e patrimônios culturais, além de estimular o assassinato e a destruição da raça humana.
A exposição a conflitos armados e traumas de guerra pode resultar em sérios problemas de saúde mental. O trauma psicológico é uma resposta emocional a eventos traumáticos que deixam feridas na memória e na identidade das pessoas. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição que pode se desenvolver em resposta a esses traumas, levando a reações intensas, flashbacks e dissociação.
Crianças e adolescentes também são profundamente afetados por experiências de guerra, e as memórias traumáticas deixam marcas permanentes em suas mentes. Soldados treinados para o confronto não estão imunes ao sofrimento psicológico pós-guerra, mostrando como o impacto da guerra é generalizado e afeta a todos de diferentes maneiras.
Para lidar com os traumas da guerra, existem várias estratégias de tratamento, como intervenções medicamentosas e diferentes abordagens terapêuticas, incluindo a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR).
As redes de apoio social desempenham um papel crucial na recuperação e promoção da saúde mental em áreas pós-conflito. A psicóloga destaca a importância do acolhimento das vítimas, fornecendo-lhes um lugar seguro para começar a cura. Em situações de conflito, o sofrimento é coletivo, e a reconstrução do tecido social é um desafio significativo.
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