A tecnologia mantém as pessoas conectadas com o mundo todo. As telas são os dispositivos tecnológicos frequentemente usados para a comunicação no âmbito familiar, para trabalho, entretenimento ou simplesmente para alguma diversão como, por exemplo, os jogos. Especialistas afirmam que o uso excessivo de telas de smartphone, computador ou tablet, que emitem a luz azul, pode causar danos à visão.
A oftalmologista da clínica RCA Oftalmologia, Dra. Ana Carolina Malheiros, é especialista em oftalmopediatria e aponta alguns sintomas causados pelo uso prolongado de telas. “Observamos que o uso excessivo da tela, seja ela celular, tablet ou computador, desencadeiam os sintomas que conhecemos como astenopia. Dentre estes sintomas temos: cansaço visual, lacrimejamento, dor de cabeça. Alguns pacientes relatam que sentem um cansaço tão intenso que precisam fechar os olhos e também sentem sonolência. Além disso, os sintomas de olho seco causados pela redução do piscar, gerando olho vermelho e sensação de corpo estranho”, pontua.
A luz azul, como é chamada as luzes provenientes dos aparelhos eletrônicos, causa danos visuais que também afetam a qualidade sono, como explica a especialista. “Diversos estudos estão sendo realizados para avaliar os efeitos da luz azul que são emitidas pelos eletrônicos. E até o momento, o que podemos afirmar é que os efeitos da luz azul estão muito mais relacionados à qualidade do sono do que efetivamente a danos visuais. No entanto, o uso excessivo das telas pode gerar diversos sintomas visuais como a astenopia, mais conhecida como vista cansada, além de olho seco”, afirma.
Ana Carolina conta que recebe, diariamente, crianças que desenvolveram problemas na visão por passar muito tempo usando dispositivos eletrônicos. Segundo ela, esse número cresceu expressivamente com a chegada da pandemia.
“Hoje vivemos uma epidemia de miopia causada pelo uso excessivo dos dispositivos eletrônicos. As crianças passam tanto tempo olhando para perto nas telas que não estimulam a visão para longe, o que contribui para o desenvolvimento da miopia. Com as aulas remotas, as crianças ficam presas dentro de casa tendo como única diversão o celular, pouco tempo ou quase nenhum ao ar livre. Tivemos um grande número de crianças que desenvolveram grau de miopia ou que tiveram um aumento expressivo no grau que já usavam, observamos também o desenvolvimento estrabismo por conta do uso”, ressalta.
A recomendação é evitar o uso de aparelhos eletrônicos durante as refeições e desconectar-se uma a duas horas antes de dormir. Além disso, outras orientações são importantes e necessárias para manter a saúde ocular, tanto de crianças quanto de adultos, explica a oftalmologista. “Para crianças com até 2 anos de idade, recomendamos evitar a exposição mesmo que passivamente, para crianças de 2 a 5 anos, 1 hora por dia, 6 a 10 anos, 2 horas por dia e 11 a 18 anos: máximo 3 horas, sempre com supervisão dos pais. Para as crianças de um modo geral sempre oriento evitar ao máximo as telas, não deixar que faça parte da rotina da criança o uso do eletrônico, estimular atividade ao ar livre, prática de esportes. E durante as aulas remotas procurar estimular o piscar, uso do colírio lubrificante indicado pelo oftalmologista e pequenas pausas ao longo do uso da tela. Para os adultos, oriento uma regra simples: a cada 20 minutos olhando as telas, mantenha 20 segundos olhando para longe, o equivalente a 6 metros. Essa atitude simples relaxa a musculatura e alivia os sintomas de cansaço”, detalha.
A oftalmologista dá algumas dicas para criar hábitos saudáveis no meio digital. “Crie regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar”, finaliza.
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