Durante a pandemia de Covid-19, um estudo conduzido pela Fiocruz Minas revelou um aumento significativo no consumo de medicamentos relacionados à saúde mental (psicofármacos) fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais.
Psicofármacos são medicamentos que interferem no comportamento, na consciência, no humor e até na cognição, agindo principalmente no sistema nervoso central. São utilizados no tratamento de psicopatologias, como depressão, ansiedade, transtornos do sono, entre outros.
A pesquisa analisou dados do Sistema Integrado de Gestão da Assistência Farmacêutica (Sigaf), abrangendo quatro anos e buscando compreender as tendências de uso antes e durante a pandemia.
Entre os medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), o cloridrato de fluoxetina, Diazepam e Fenobarbital sódico foram os mais consumidos durante a pandemia, indicando um aumento nas prescrições para depressão, ansiedade e epilepsia.
Comparando os dois períodos, houve um notável aumento no consumo de Clonazepan (ansiedade) em 75,37% e Carbonato de lítio (transtorno bipolar) em 35,35%.
No Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), medicamentos como Olanzapina, Risperidona e Hemifumarato de quetiapina, indicados para esquizofrenia, foram os mais consumidos.
Surpreendentemente, Levetiracetam, utilizado para epilepsia, registrou um aumento impressionante de 3.000%, enquanto o Cloridrato de memantina, indicado para Alzheimer, teve um aumento de 340%.
A farmacêutica Sarah Nascimento Silva, coordenadora do estudo, destaca que mudanças na legislação, vigentes de março de 2020 a setembro de 2023, contribuíram para o aumento no consumo, permitindo quantidades maiores e entrega remota de medicamentos psicotrópicos.
Além disso, a transferência de recursos financeiros aos municípios, em resposta aos impactos sociais da pandemia, expandiu a oferta de medicamentos.
Entretanto, ela alerta para a vulnerabilidade da população, enfatizando que, mesmo com o acesso facilitado, a rede de assistência em saúde mental já estava comprometida nos anos anteriores, sendo agravada durante a pandemia devido ao isolamento social.
Silva ressalta a importância de estudos futuros para confirmar ou refutar os perfis identificados, especialmente no contexto pós-pandemia. A coordenadora enfatiza a necessidade de análises contínuas dos dados administrativos para informar políticas públicas e gestão eficaz.
Em um momento em que a saúde mental ganha destaque, o estudo oferece dicas valiosas para profissionais e gestores de saúde, destacando a importância de compreender o perfil de consumo de psicotrópicos no SUS-MG.
Fonte: Agência Fiocruz
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