Mulher grávida Foto: Rodrigo Nunes para MS
O Ministério da Saúde anunciou uma nova estratégia para reduzir a mortalidade materna e infantil no Brasil: a suplementação universal de cálcio para todas as gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A medida, que já está em vigor, pretende prevenir a pré-eclâmpsia, uma condição grave que pode levar a complicações como parto prematuro e até mesmo a morte da mãe e do bebê.
A pré-eclâmpsia é uma doença que surge durante a gravidez, geralmente após a 20ª semana, e está diretamente relacionada à hipertensão arterial.
Ela pode causar sérios problemas de saúde, como insuficiência renal, hepática e até mesmo o descolamento prematuro da placenta.
Estudos mostram que a suplementação diária de cálcio pode reduzir em até 55% o risco de desenvolver essa condição.
A partir da 12ª semana de gestação, todas as grávidas atendidas pelo SUS devem tomar dois comprimidos de carbonato de cálcio por dia, totalizando 1.000 mg de cálcio elementar.
A suplementação deve continuar até o parto. É importante ressaltar que o cálcio não deve ser ingerido com o ferro, outro suplemento comum durante a gravidez. O ideal é que haja um intervalo de duas horas entre a ingestão dos dois.
A nova diretriz do Ministério da Saúde é baseada em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e visa especialmente proteger mulheres em situação de vulnerabilidade.
Dados recentes mostram que quase 70% das mortes causadas por hipertensão na gravidez ocorrem entre mulheres negras e indígenas.
A suplementação universal de cálcio é um passo importante para reduzir essas desigualdades no acesso à saúde materna.
A decisão de universalizar a suplementação de cálcio foi tomada após pesquisas mostrarem que mais de 96% das mulheres brasileiras consomem menos cálcio do que o recomendado.
Desde 2011, a OMS já recomendava a suplementação para gestantes com baixa ingestão do nutriente ou em situações de alto risco, mas agora a medida será estendida a todas as grávidas do SUS.
Além do cálcio, as gestantes também devem manter a suplementação de ácido fólico e ferro, que já é oferecida de forma universal pelo SUS desde 2005.
A atenção aos horários de ingestão é crucial para garantir a absorção adequada de cada nutriente.
A importância dessa medida ganhou destaque após o caso da cantora Lexa, que perdeu sua filha recém-nascida, Sofia, devido a complicações causadas pela pré-eclâmpsia.
O caso mostrou a necessidade de mais atenção e cuidados com a saúde das gestantes, especialmente aquelas em situações de risco.
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver pré-eclâmpsia, como primeira gestação, gravidez antes dos 18 ou após os 40 anos, pressão alta crônica, diabetes, obesidade e gestação de gêmeos.
Em casos de alto risco, as gestantes podem receber a prescrição de ácido acetilsalicílico (AAS) em conjunto com o cálcio.
A inclusão da suplementação universal de cálcio na Rede Alyne, principal estratégia do SUS para fortalecer o pré-natal, reforça o compromisso do governo com a saúde das mulheres e a redução das desigualdades no acesso aos cuidados maternos.
A medida é um avanço fundamental para garantir um pré-natal mais seguro e acessível a todas as gestantes brasileiras.
Fontes: Ministério da Saúde e Agência Brasil
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